Desabafo
É verdade o que me dizem sobre o tempo, ele passa rápido demais na maioria das vezes. Quase seis meses se passaram desde que eu quase morri, embora algumas vezes eu duvide de que eu realmente pudesse ter morrido. Esses meses foram praticamente inúteis, eu piorei, depois eu melhorei, e agora estou mais uma vez absolutamente no fundo do posso, dessa vez não há atitudes autodestrutivas, quer dizer, não muitas, não há o apelo para substâncias e constante tentativas de fugas. Encarar a realidade não me fez lidar melhor com ela, eu achava que se eu me mantivesse focada em apenas viver, de repente as coisas pudessem dar certo. Por um momento realmente pareceu dar, mas acontece que estar focado demais também é um jeito de ignorar o que sentimos, e quando as coisas não saem conforme o planejado é como se absolutamente tudo estivesse desmoronando, então todo aquele esforço se transforma em nada.
Eu esperava que com toda a medicação e mudança de alguns hábitos eu pudesse me sentir melhor, mas eu me encontro muito mais fraca do que deveria, eu ainda odeio minha vida e me sinto incapaz de alcançar os objetivos que poderiam torna-la melhor, me sinto extremamente impotente e inútil, como se minha existência não fosse absolutamente nada além de um grande peso.
Dentre todas as coisas negativas o que mais me assombra é o medo, o medo de perder totalmente o controle, tentei não pensar que a doença estava tomando conta de mim novamente, mas eu sei que está, o nojo, o sentimento constante de insatisfação, a perda total de interesse e acima de tudo, a vontade de morrer, deixa bem claro que eu me rendi mais uma vez.
Uma parte de mim quer lutar, mas a outra está cansada e com medo demais.