Um tempo... para o meu coração!

Por tanto tempo fiz-me de surda para não ouvir o que meu coração tinha a dizer porque não dispunha de sensibilidade e algum indício de maturidade para ouvir. Em muitos casos não adianta a resposta encontrar-se diante de meus olhos se eu não souber formular a pertinente questão.
Aos olhos desatentos e viciados na visão simplista das coisas, não passo de uma criatura "confusa" almejando um pouco de atenção. Todos são livres para pensarem de mim o que quiserem, mas as pechas colocadas sobre a minha cabeça não me definem.
Aquela garotinha de trejeitos tímidos que sempre foi deixada de lado por todos e nunca se encaixou a nada decidiu que pararia de implorar por atenção, a fim de ouvir a voz insistente daquele coração que por tantas vezes bateu mais depressa do que o normal, porque queria gritar, queria dizer que nada fazia o menor sentido.
Estou me despindo dos velhos padrões que me aprisionaram dentro de sufocantes caixinhas repletas de algoritmos impossíveis de cumprir. Entre ser uma cópia falsa e eu mesma, eu optei por ser feliz.
Ouvir a voz do meu coração não me torna insensível e egoísta, indiferente ao que se passa à minha volta, apenas demonstra que estou abandonando também a velha ideia de que sou meu maior demônio e isso pode desagradar àqueles que sentiam certo prazer em ver a garotinha tímida sendo sombra dos outros permitindo que decidissem tudo por ela, lhe definissem de antemão sem um mísero espaço para se manifestar de forma contrária.
Ouvir a voz de meu coração faz com que eu reabra feridas e as veja sangrar, mas não as ignore, faz com que eu reconheça minhas limitações e imperfeições, meu lado sombrio, minhas culpas e meus erros e o maior de todos não foi ocasionado por maldade. Apesar de me valer de um clichê, minhas intenções eram boas.
Foi um erro pensar que eu poderia enterrar a sete palmos os meus verdadeiros desejos e vivesse a partir de um determinado ponto a busca incessante pela suposta perfeição que em retribuição aos meus esforços deixou cicatrizes.
Conhecendo-me de verdade posso me entregar com mais amor a tudo que faço e a quem amo porque posso me doar aos outros por pura satisfação de estender minha mão ao próximo sem esperar que ele retribua ou para querer a todo custo amor e ser vista como uma pessoa "boa".
Os julgamentos partem de quem se sente nesse direito. Nunca estarei livre deles, então o que muda nesse caso é o meu jeito de reagir a eles. Tenho algumas alternativas em mãos e decerto a mais sensata é sem dúvida a mais difícil de colocar em prática.
Seja como for, quero me redescobrir sem interferências e dessa aventura sair mais fortalecida, mais preparada para todos os desafios que a vida ainda colocará diante de mim.

Curitiba, 20 de janeiro de 2018.
Marisol Luz (Mary)
Enviado por Marisol Luz (Mary) em 30/06/2018
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