A vida, o adeus, as pessoas
Curitiba, 19 de abril de 2018.
Algumas pessoas foram embora da minha vida e deixaram um buraco enorme no meu coração, porque o adeus dói tanto que até o coração entender que não tem volta, precisa de um tempo onde todo choro do mundo não é capaz de trazer alívio porque as noites são maiores do que parecem e pode até fazer o sol mais lindo lá fora, a tristeza possui o dom de me tornar indiferente ao fato de que a vida segue. Ao redor, tudo é motivo para lembrar quem presente já não mais está. 
Não é que os outros não tenham o seu valor, a sua importância, é que a saudade é um bicho teimoso e chorão e algo que não sei é disfarçar a dor. No entanto, nunca dispensarei um bom abraço. E, sim, preciso de um tempo, um tempo que talvez pareça longo demais para você, entretanto necessário para que meu coração se acalme e eu consiga falar de quem me faz falta sem ter crises de choro.
Porque, cara, eu não sei não chorar. Saiba, porém, que quando choro não é porque sou boba e fraca, é simplesmente porque muitos sorrisos que você viu nos meus lábios prenderam essas lágrimas até que chegou a um limite em que nem piscar os olhos e apertar os dentes fez efeito, eu precisava colocar todas aquelas emoções para fora porque elas me representavam. 
Antes eu era a menininha que chorava na escola, na frente de todo mundo, que em função disso ouvia lições de moral e convivia com a incompreensão, com a reputação que os julgamentos alheios fizeram, então não tive alternativa senão aprender a engolir a dor, fingir que certas coisas não me afetavam e fazer de conta que certas palavras que li/leio e ouvi/ouço não teriam poder sobre mim.
Mas um adeus, sim.
Porque o adeus expõe minha fragilidade, minha face mais humana, minha incapacidade de ter o controle das situações, de dominar minhas reações, por mais que o estoicismo me roube o chão, as palavras e até mesmo as estrelas que eu costumava olhar da janela a fim de me confortar, acreditando que eram minhas amigas e eu poderia segui-las aonde quer que estivesse porque elas sempre encontrariam um meio de me iluminarem.
O adeus assusta porque tudo aquilo que é "para sempre" me deixa com uma sensação estranha na garganta, é como se tivesse um bolo incapaz de ser digerido. Digamos que é olhar para o calendário e tentar imaginar todos os dias que ainda faltam sem aquela certeza que morreu. As folhas estão em branco e o caminho que se apresenta logo adiante parece tão gélido, cortante, incerto.
É devastador, confie quando eu te digo.
O "para sempre" acabou. Aquele meu pedacinho de eterno agora é lembrança. O futuro já faz parte do passado.
Hoje em dia não me sinto pequena e boba por chorar quando alguém de quem gosto muito parte para longe, essas lágrimas que correm demonstram que apesar de ter crescido e perdido minha inocência, ainda consigo ser tocada lá no fundo da alma, então mesmo quando me sinto fraca sei que não o sou de todo.
São tantas as pessoas que já fizeram alguma diferença na minha vida que em vez de enumerar nomes (correndo o sério risco de me esquecer de alguém) que prefiro agradecê-las e pensar em silêncio nos motivos pelos quais algumas delas me marcaram tanto ao ponto de eu decidir escrever uma simples mensagem de agradecimento, no entanto me despeço dizendo que gostaria de na vida de alguém ser essa figura inesquecível que em algum momento foi importante, especial e deixou saudades. Se for, são outros quinhentos, mas seria uma grande honra sê-lo.
 
Marisol Luz (Mary)
Enviado por Marisol Luz (Mary) em 29/06/2018
Reeditado em 29/06/2018
Código do texto: T6377525
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