O Direito de não ser!
"Não gosto de rótulos, estereótipos, módulos ou perfis.
Se és negro, magro, fora dos padrões estabelecidos deves ser...
Se tens cabelo crespo, andas vestido de um jeito diferente deves ser...
Se andas de ônibus, metrô ou não tens dinheiro para um Uber, deves ser...
Se estudas em escola pública...
Se moras em determinado lugar...
Não vestes marca, nem mesmo as falsas, deves ser...
Se valorizas a escola ao futebol, o amor ao sexo, música clássica ao ritmo do momento, deves ser...
Se não vais a shows de multidões e preferes, apenas, andar só, deves ser...
Se tens gostos diversificados, alma nobre num corpo simples, és, no mínimo, não compreendido, deves ser...
Se preferes caminhar com gente humilde em vez de assentar-se junto aos Poderosos, serás julgado por isso...
Se vives de forma simples e percebes o quão enriquecedor e prazeroso é a vida simplória, és, no mínimo, um sábio, e, por isso, incompreendido.
Quantas vezes já te disseram: Se eu estivesse no seu lugar!
Parece que não cansam de banalidades, de causar, de exibir-se, de aparentar o que não são, o que não preenche.
Não por ser melhor, e nunca me passou pela cabeça tamanha ideia, nem pretensão. Apenas por ser eu, assim, tão desajustado, fora da moldura, da órbita comum, muitas das vezes... prazer, este sou eu.
Julgado quase sempre apenas por ser... diferente da maioria, minoria convicta, mas sem sofrer por isso.
Tendo o direito de 'não ser' bem maior que o de 'ser'.
O direito de 'não ser' julgado, 'não ser' incomodado, 'não ser' comparado, 'não ser' expurgado da sociedade em vida, 'não ser' rotulado.
E, mesmo sabendo que sou mais uma incógnita humana,indecifrável, único e incomparável, permaneço detentor deste direito essencial de 'não ser', que vale tanto quanto o de 'ser', mas não o que pensam/pensarão de mim, mas, certamente, o que quererei ser."