A Trincheira
Um sorriso aguarda-me
Irradiado pelo sol do além
Brisa agradável acaricia-me
Num impulso, o pulso se mantém
Agarro-me a essa esperança
Ante o peso da deslembrança
A dádiva do sonho que acalenta
Preso nesta máscara de contenção
Espasmos que anunciam a tormenta
No tubo que me traz a respiração
Na trincheira, pesadelo é esperar
O dardo que a carne vem dilacerar
Hórridas bestas agora vou expelir
Sórdidas ilusões me venderam
Ocultos urdiram, demônios a mentir
Almas tantas no campo arderam
Reuniões do mal adentram os porões
Destilando veneno, colônia de escorpiões
Na trincheira, silvo de fogo rasga o ar
O projétil espalha pânico e torpor
Abre suas mantas tal qual arraia a nadar
Espargir sanguíneo, alívio à última dor
Pelejas brutais a paz ainda vão fender
Tal se destina ao homem o verbo perder!