“Dodói”
Desfavorecido por um histórico familiar muito propício a deformidades físicas eu sempre sofri bastante com tendinite, principalmente nos dedos das mãos, dentre eles, um (o anelar esquerdo) era impossível de “estalar”, uma vez que sempre tive essa mania. Toda vez que tentava sentia dores até que um dia resolvi não tentar mais e nomeei aquele dedo de “doidói”, sendo ele quase intocável.
A poucos meses foi marcado em minha vida o fim de um namoro de quatro anos, nos quais houveram momentos bons e ruins, todos eles muito intensos. E agora você se pergunta. “Por que ele tá falando de um assunto nada a ver com outro?”. Eis que a resposta é a seguinte: tem exatamente tudo a ver. Desde que houve o término eu tenho estado mais pensativo e distraído e em um desses momentos de distração eu estalei todos os dedos, exatamente, TODOS eles.
Bom, e qual a relação? Simplesmente eu percebi que defini meu dedo como incurável e imutável, não tentando estalar por medo de sentir dor e assim foi com meu relacionamento, onde por muitas vezes eu aceitei o que era menos do que achei merecer, me conformei com ter sempre algo faltando, prejudicialmente eu deixei coisas que me afetavam negativamente de lado e passei a aceitá-las por medo de que a possibilidade de melhora piorasse as coisas e fiquei estagnado com receio de que qualquer tentativa me causasse dor e me fizesse sofrer.
Hoje em dia, graças ao meu dedo eu posso ver que nós temos capacidade de levantar e obrigação de tentar de novo e de novo, e jamais aceitar menos do que julgamos merecer. Hoje eu sei que tenho potencial para viver o melhor, da melhor forma. A vida é muito curta para você se acomodar com relacionamentos “dodói”.