Visão romântica da vida

Eu, definitivamente, não tenho uma visão romântica da vida: não acredito nas falas de que "devemos nos amar e vibrar no amor incondicional que tudo vai ficar bem." Eu vejo a vida como um jogo: jogo difícil e extasiante ao mesmo tempo - pelo menos para mim. Aqui estou para perder e ganhar; cair e levantar; aprender, reaprender e desaprender; doar e receber. E por falar em doar e receber, não há hipocrisia maior em dizer que se pode fazer algo sem querer nada em troca. Não existe isso, porque em tudo que fazemos - seja para nós ou para os outros - existe uma expectativa- consciente ou inconsciente - de ganho...se não fosse assim, que sentido teria a vida? Que sentido teriam nossos relacionamentos? Que sentido teria a roda da partilha? Apenas devemos ser bem claros e sinceros sobre aquilo que doamos e esperamos receber, nada mais justo, não é mesmo?

Eu me incomodava muito quando as pessoas diziam que me amavam, quando, na verdade, amavam o que eu dava a elas...seria bem mais benquisto por mim se elas dissessem: amo sua inteligência, sua praticidade, seu talento. Porque dizer que me amavam mesmo era hipocrisia pura, pois elas nem sequer conviviam intensamente comigo para ver meus defeitos e meu lado sombrio...somente assim estariam aptas a dizerem que realmente era de MIM que elas gostavam mais, e não das minhas qualidades. O mundo seria bem mais prático se não fosse esse tipo de hipocrisia. Sinceridade é tudo!

Por isso que eu não tenho uma visão romântica da vida, tendo em vista que essa postura quase sempre serve para afogar a sinceridade e a clareza que devemos ter para com tudo que vivemos aqui nesse plano.

Eu estou aqui para jogar, com os pés bem no chão, o jogo da vida. Eu sou a única obrigada a me sustentar...a bancar quem eu sou de verdade...tenho sentimentos e justamente por não negá-los que obtenho uma visão prático do viver.

Colhe e planta, sorri e levanta, chore e recomece...