Passará
Veja! Na janela, o beija-flor...
Reacendeu minha chama
Em apenas um instante
Mostrou-me que através dela
Há um universo brilhante
Soprou em meu ser
Algo fascinante...
Não sobre voar
Ou caminhar
Não sobre pausas
Ou asas
Não sobre cantar
E areia ou mar
Sobre o que quero contar?
Cansei das flores, dores
E da saudade
Quero gritar a outra parte!
Quero escrever uma profecia:
Uma hora a tempestade termina.
Longe de ser agora
Não vai ser com a copa
E todo esse circo político
E direitos perdidos.
Vai ser com o povo
Que vai chegar o novo.
Sei que vai demorar
Mas o muro irá desmoronar
Se não houver o cessar da luta.
O silêncio traz angústia
Mas é questão de tempo
Até que chegue o momento
Do despertar.
Não será, outra vez,
A união manipulada:
"contra a corrupção!"
Não serão mais cordeiros
Enganados por lobos.
Será o povo
Derrubando o governo tolo.
A necessidade de revolucionar,
De criar
Irá convocar o movimento a desconstruir
O que não tem mais jeito, irá então ruir
E a tempestade passará.
Até lá, não podemos nos calar
e deixar de gritar o pão, a educação e a inclusão.
GOOOOL!
O chão não deveria ter de ser moradia
O lixo não é comida
E veneno em alimento não é direito
A universidade não pode ser muro à classe desfavorecida
Cultura não pode ser privilégio
16 anos? Solução não é prisão, é colégio
Gooooooooool!
O grito indígena não pode ser sufocado
E seus ossos e sangue
não podem virar adubo
do grande agropecuário
Concentração de terra enterra
O pequeno produtor é outro prejudicado
Não tem espaço ou mercado
Hoje só tem sua voz ouvida o homem branco rico
Quem carrega a bíblia embaixo do braço
ou então, quem é grande empresário.
As diferenças não são respeitadas,
São condenadas
E a realidade mascarada.
A ilusão é construída pela ditadura da mídia
Nada está bem
Na televisão, termina a notícia, o futebol.
Pessoas e histórias apagadas
Transformadas em cinzas todos os dias.
GOOOOOL!
Não existem dois lados,
Isso é só a forma de ser manipulado
Existem várias faces
Não é com o ódio,
Essa é outra forma de ser enganado
E nem com a paz
Que a saída desse abismo
Vamos encontrar.
Chegará o tempo de formar pontes
E derrubar os muros.
Em meio ao caos, surgirão braços
e a escuta.
Escuta?
O beija-flor veio me contar,
Passará.