Fiquei de depoistar
na urna do espaço
um poema ao dia.

Mas há dias em que não sai o poema,
assim como há dias em que não sai o sol
ou não vem a chuva.

Temos estações íntimas
próprias
ciclos de luz e trevas
e assim é a vida.

Nos dias sem poema,
acumulo meus afazares
pendurando no varal da existência.

E,
então, nos dias de luz,
explodem mil  poemas
e a média se estabelece.

Sou o crente sem oração,
O messias sem ovelhas,
O profeta sem previsão,
E o atleta sem performance.
Felizmente,
sou poeta
e mesmo quando não escrevo,
vivo meu momento de espera!