O IDEAL É RELATIVO

Nunca me considerei perfeita, mas para ele eu tive o desejo de ser. Mas minhas marcas e cicatrizes, tatuagens das lutas e decepções, anteviram a rejeição e eis que meu desejo me trai. Foi estranho falar de rejeição com ele (não dele), mas de pessoas do convívio dele, quando os mesmos o viram passar por tantas na vida. Senti-me na pele do meu escritor favorito quando entre tantas de suas máximas, escreveu: “Só queremos que alguém nos ame pelo que somos, mas todos somos vítimas da mesma ilusão (...) Seria mais fácil inventar o amor porque não acredito que seja possível conquistá-lo, não em meio essa cultura que me torna feio antes que me conheçam”.

Não fui a mulher ideal aos olhos deles para ele. Queria agora ter 32 e ele 38, pois acho que ainda iria querer provar ou mostrar para os que não tenho que dar a mínima satisfação de quem eu sou, só pelo fato de serem importantes para a pessoa que amo. Mas, o tempo me engole... Já sabia que o conceito de bom ou ruim é relativo, pois o que pode ser bom para um, pode não ser para outro e vice-versa. Isso é “bê-a-bá”, sabemos. Nada de novo até que prática e teoria se chocam. Teoria não envolve as sensações. Na teoria se sabe e só.

Igualmente, o conceito de ideal também é relativo. Um breve exemplo de duas famílias preocupadas com a felicidade dos seus filhos com parceiras ideais ilustra bem isso. A primeira família tem o filho dedicado, responsável, tipo “politicamente correto” e com um futuro promissor. A segunda tem o filho problemático, tipo “porra-loca” e também com um futuro promissor, ambos jovens. Uma parceira mais velha poderá simbolizar um atraso aos olhos da primeira família, pois para quê acrescentar juízo ao que já tem juízo? Na segunda, poderá simbolizar um ponto de apoio ou equilíbrio. A conclusão não é complicada: rodada para a primeira, madura para a segunda. O ideal é tão relativo quanto o amor que precisamos.