Gontijo
É para você que escrevo, ingrata!
Quando conto meus crimes secretos ou quando planejo o futuro, ou até mesmo quando conspiro contra o universo.. É para você que escrevo tudo isso. Até quando acho que não vale a pena escrever, escrevo.
Desculpa. Você não é ingrata. É que as viagens de ônibus sempre me deixam à flor da pele. Nostálgica. Deve ser essa paisagem da janela correndo pelos meus olhos. Até isso escrevo para você.
Não consigo ler enquanto viajo. O movimento do ônibus me incomoda. Besteira. Mas quis escrever. Interessante. Agora que percebo que o movimento do ônibus não me incomoda quando escrevo.
É interessante o quanto as músicas do Belchior me lembram momentos da minha vida com você. Não sei. Talvez o fato dele ser sobralense e você também. Desculpa, foi a única coisa que encontrei em comum entre ambos. Talvez a intensidade e as verdades contidas nas letras também.
Só tenho músicas do Belchior na playlist off line. E essas músicas não me parecem muito apropriadas para viagens de ônibus, mas ainda assim as tenho. Sabe, eu quase chorei há poucos minutos. Eu te disse, viajar de ônibus me deixa à flor da pele. As razões? Desconheço.
Mas tudo isso, essas irrelevâncias cotidianas, eu escrevo para você.