Abismo
Ninguém entendeu seus desenhos
Ninguém ouviu seus lamentos
Ninguém enxergou seus tormentos
Nem percebeu a revolta nos xingamentos
Mamãe, mamãe, é tão escuro
Para onde não posso olhar
Mamãe, mamãe, será que hoje podemos
Sentar à mesa de jantar?
Seu íntimo tal qual feto indesejado
Que força tão implacável o julga?
Tantas milhas esse fardo tem arrastado
Quem então poderá partilhar de sua fuga?
Uma floresta sem cores
Um matadouro sem odores
Dizem que meus sonhos preciso alcançar
Até o fim do dia, o sol tem que brilhar