O Andarilho
Chamo-me, de entre tantos nomes, de andarilho, um desses viajantes que sempre está buscando algo, arrostando desafios e obstáculos até alcançar seu escopo, alguém que por muitos ventos se sente desacompanhado, com sua bagagem e teu cão enxuto.
Se sou um andarilho, sei que já muito andei e muito terei de andar, vejo as águas fitadas por todas as estrelas do céu, tão gélidas quanto a mais fria noite de inferno, porém as águas que mais me preocupam não são aquelas em que posso me afogar, são aquelas que escorrem por meus olhos.
A minha frente vejo centenas de estacas, sangue coando pelos caminhos escuros, quando sento-me para resfolegar, surram-me com palavras tão afiadas quanto espadas, rastejando devo prosseguir, pois já sou capaz de ver aquilo que busco.
Existem aqueles que não respeitam minha jornada, gargalham e creem que tudo não passe de um ato cômico, nesses momentos coloco minha máscara, aquela capaz de se adaptar ao mundo social, aquela que esconde meu rosto assustado e em desespero, com meu manto cubro minhas feridas, muitas feitas por aqueles que considerei aliados.
Não posso ser um andarilho sem ter um objetivo, um éden que desejo alcançar, por isso, sempre que me pergunto para onde vou, respondo que busco a montanha mais alta, pois, somente quando eu conquistar seu topo, poderei ver montanhas maiores ainda!