MÃOS ESTENDIDAS...

"O SOL NASCE, O DIA AMANHECE, AS FOLHAS SE ABREM...

OS PÁSSAROS GORJEIAM. A VIDA CONTINUA...

Tudo parece comum, normal.

Nada está diferente.

Exceto a sensação que tenho de não pertencer mais a este lugar, a este mundo.

Como se a morte fosse parte de mim e tivesse arrancado da minha pele todo o frescor de minha mocidade e apagado o brilho da minha alma em um piscar de olhos.

Em um momento estou só, no outro vejo pessoas caminhando em minha direção.

Não os conheço.

Não sei quem são.

À medida que se aproximam sinto um calor, bem diferente do frio gélido que me envolve agora e embaraça minhas emoções.

Ontem estive aqui. Amanhã estarei ali.

Hoje? Não sei onde estou. Não vejo mais o correr das águas, nem o florescer da primavera e tão pouco o alvorecer dos pássaros.

Tudo me parece confuso. Não sei quem sou. Não tenho certeza de quem fui.

– Me sinto só. –

Tudo é ilusão.

Tudo é confuso.

Tudo me parece nada.

Minha mente está cheia de lembranças que desconheço.

Lembranças que não me dizem nada.

Não sei quem sou.

– Me sinto só. –

Vejo mãos estendidas.

– Não sei quem são. –

Estou sujo e fraco. –

Tenho fome e sede.

Neste momento a vida me parece uma utopia.

A morte me parece uma constante.

Vejo mãos que insistem em permanecer estendidas em minha direção.

Não sei há quem pertencem.

Seus rostos? Não os conheço.

Por que insistem em estender as mãos à alguém como eu?

Não tenho respostas.

Vejo olhares doces e piedosos.

Vejo mãos estendidas.

Estou sujo e fraco.

Tenho fome e sede".

CABOCLO PERRECHÉ
Enviado por CABOCLO PERRECHÉ em 26/05/2018
Reeditado em 26/05/2018
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