INSANIDADE
Possivelmente, a nossa miopia conceitual amplia as crises atuais do mundo. Todavia, a gama de reações humanas naturais no esforço para significar e dar logicidade ao surrealismo dos acontecimentos mundiais terríveis que testemunhamos nos últimos anos, busca manejar o pavor que vem do horizonte de nossos medos mais profundos sem sucumbir na profundeza da futilidade, nos confunde ao valorizar o temor em lugar do entendimento sobre as pessoas, as culturas e nossa existência, compreendendo o caráter útil da natureza.
Provavelmente, não temos consciência das imagens metafóricas que fazem parte do poder e do horror que vivenciamos quando as vemos.
As palavras “terrorismo” e “terrorista”, estão no modismo da mídia, nas justificativas defensivas para a supremacia e o aumento do poder bélico, nas afirmações reivindicativas da política universal em todos os setores funcionais e no íntimo da apreensão humana.
Apesar de injustificável, a inflaçao, também, a recessão mundial e a retração nas liberdades civis, em parte, podem ser atribuídas como resposta aos ataques terroristas e consequente guerras.
Existe uma tendência, principalmente das economias do primeiro mundo, de negligenciar a reavaliação dos valores básicos da sociedade atual e confundir a supremacia tecnológica, a exultação do livre mercado e o consumismo, com a impermeabilidade militar e a supremacia moral.
Outro tipo de terrorismo é causado pela política doméstica de alguns países, numa combinação de abusos que envolvem a ausência de cuidados sociais, de saúde, segurança adequada, a má distribuição de renda, a falta de trabalho, educação deficiente e a minguada oferta de oportunidade para o crescimento social e financeiro do indivíduo, aliado aos abusos de justiça em desfavor do pobre. É o terrorismo governamental interno! Demais, e, mais profundamente, o gênero distorceu a política social. Contudo, qual frente parlamentar tem a disposição de discutir francamente e com competência a política interna?
Vivemos num universo tridimensional, regido por leis físicas que, na perspectiva relativa, aparentemente só expressam as relações entre as variáveis, e aproveitamos a amplitude de movimento e possíveis permutações espaciais com rearranjamento de uma série de padrões, onde a complexidade torna a vida interessante, pois, um mundo simples não produz uma inteligência motivada capaz de entendê-lo. Um mundo, no qual podemos dar preferência a promover energia e informação, com o desígnio vital consciente e de esforço humano para combater o estado de desordem dos sistemas e construir abrigos protetivos de relação estabelecida com pluralidade de elementos de organização e estrutura benéfica, como uma prevenção à tendência inerente à desordem e a incapacidade de avaliar devidamente os refúgios de ordem que criamos como uma defesa importante contra a insanidade humana.
A linha delicada entre razão e loucura fica mais tênue com a desproporção entre os desígnios e os meios das nações, dos grupos de pessoas unidas pela mesma opinião, interesses e ação política, e dos tempos dos acontecimentos históricos e seus protagonistas com suas características distintivas, que causam tanta opressão, decepção e ressentimento.