O poder de lança-lo no lixo.
Restou apenas um papel amassado
Para interromper os devaneios mentais que me cercam incansáveis
Algumas das suas dobras lembram-me a parte esquerda da camisa que vesti, logo após ter acordado no impulso obrigatório
Que nas manhãs, me estapeia sem dó algum.
Este papel contém marcas de uma caneta que rabiscou versos soltos, Mas com uma intensidade surreal, interrompendo o manifesto do poeta
fazendo-o, lançá-lo no lixo
Já que o mesmo não poderia jogar-se no chão e chorar
Os amassos deste papel cabem tão bem em minhas mãos, assim como a Mechas caracoladas dos meus cabelos
Eu o amasso suavemente pois ele contém um certo tesouro
Pode ser um número de telefone que prometi retornar
Ou a senha que abrirá os portais que libertam-me de mim mesma
Jogando-o de uma mão para a outra, assim como jogo-me de um corpo para outro
Sem me abrir
Sem revelar o segredo
Percebo que a beleza segregada não é abrir este papel
E sim poder lança-lo no lixo, com a certeza de que nada foi perdido