“Cuidado, você está falando errado”
Hoje, dia 21 de maio, comemora-se o dia da Língua Nacional. E te questiono? Você anda falando certo por aí, né? Não vai maltratar a língua.
Óbvio que essas primeiras linhas desse famigerado texto não passam de uma estratégia de ironia, estratégia essa que a língua brasileira nos oferece no seu vasto arcabouço linguístico. E em se tratando de língua falada, é bom se reiterar, eu como professor, que ela é apenas uma das modalidades da língua, ou seja, não existe apenas uma modo de se comunicar e de se fazer comunicável em sociedade.
Somos um povo grafocêntrica (termo utilizado por Sérgio Costa em a obra sobre gêneros textuais), ou seja, mesmo falando em quase em nosso tempo todo, damos mais valor a escrita, que é apenas, como já destaquei, um modo de se comunicar, em detrimento da fala.
Portanto, mesmo com a possibilidade de ser massacrado, digo que não existe um falar correto, penso eu, isso, ser um utopia, ou estratégia da classe dominante deste país, de afastar ou até mesmo de tirar o que o povo tem de mais valoroso, que é a sua língua.
Diante disso, não é errado falar: AS MENINA VAI, OS MENINO FOI. Como professor de língua portuguesa e amparado pelas Diretrizes, PCN’S e estudos de renomados linguistas, que na verdade o aluno pode aprender mais uma forma de falar, que é a variedade padrão, que é o: AS MENINAS VÃO e OS MENINOS FORAM.
A questão é muito mais profunda, reflexiva e complexa para se abarcar nesse texto, e convido discentes de letras, profissionais já atuantes, mestres, doutores (os que fizeram doutorados, por favor) e a sociedade em questão a discutir e ao menos tentar entender, que a língua falada é espontânea, livre, fragmentada e variante, e por isso é impossível de se tachar uma fala como correta ou incorreta. Deixemos isso para a parte da escrita com os nossos queridos gramáticos, que estuda um setor da língua, sendo que ela não é a única.
Desprezar a língua falada do aluno ou de um falante, é ajudar a estigmatizar. É contribuir no aumento das estatísticas de abandono escolar (sei que os fatores são muitos, mas não descarto que eles pensam que: já que falo errado e não sirvo, vou trabalhar que ganho mais que estudando.)
É muito mais interessante buscar o porquê de tais fenômenos na língua, do simplesmente dizer que está errado. E no final, se estiver, vai fazer o quê? Nada.
Incentivo ainda mais a discussão citando o linguista Ataliba Teixeira Castilho que disse: A língua falada não é uma bagunça, se fosse, não teria intercompreensão.