OS ESCRIBAS E OS FARISEUS HIPÓCRITAS
Os escribas e fariseus representavam segmentos sociais que entre outros, compunham a estrutura da sociedade nos tempos iniciais do Cristianismo. Os escribas eram os doutores da Lei, que interpretavam o Decálogo de Moisés, assessorando os sacerdotes tanto na instrução, como na aplicação prática do Torá. Os fariseus praticavam essas orientações, observando com rigor e disciplina as interpretações dos doutores, cujos preceitos eram transmitidos através dos sacerdotes. Por detrás desse contexto, no entanto, o que mais interessava aos sacerdotes e aos escribas era o poder político e financeiro, assim como as regalias e as comodidades que essas funções lhes proporcionavam.
O Cristianismo surgiu posteriormente através dos Profetas, baseado nas suas revelações espirituais, e os seus fundamentos não se compatibilizavam com os costumes e com as orientações dos sacerdotes baseados nos escribas, pois estes consideravam apenas as Leis de Moisés, integrantes da Primeira Aliança, enquanto os Profetas, alicerçados nas revelações espirituais, consideravam a Graça Divina como a superior complementação da Lei, integrando a Segunda Aliança que possibilitava ao Cristão ter acesso ao conhecimento de Deus, quando então a Lei se instalava no coração do Cristão, migrando das tábuas de pedra para a tábua de carne.
O Apóstolo Paulo, em várias das suas cartas às igrejas, explica com detalhes as diferenças entre as duas Alianças, classificando como “crianças espirituais” os cristãos que permanecem na Primeira Aliança, e como “adultos espirituais” aqueles que conseguem ingressar na Segunda Aliança. Aí temos a evolução espiritual.
Neste ponto, o Leitor poderá imaginar que esses tempos remotos ficaram para trás, e que agora apenas fazem parte da história. Engano total! A situação é exatamente a mesma, mudando apenas a nomenclatura dos agentes que participam do mesmo cenário. Os mesmos interesses dos sacerdotes, dos escribas e dos fariseus, hoje são exercidos pelas denominações teológicas, através dos seus líderes: papa, cardeais, bispos, padres, pastores, etc., (os sacerdotes) sob a orientação técnica dos Teólogos, (os escribas), com o apoio de bilhões de “ovelhas” mais ou menos disciplinadas (os fariseus). Para completar a integração dos tempos, também hoje os Profetas independentes, como Paulo, Pedro, João, e outros, são hostilizados, porquanto a Doutrina da Graça por eles praticada pastoralmente, não se compatibiliza com os interesses comerciais das diversas cadeias de supermercados da fé, exatamente igual ao que ocorreu nos tempos primitivos, apenas não ocorrendo as perseguições bárbaras, não mais admissíveis no atual contexto social.
Os estragos espirituais dos “sacerdotes, escribas e fariseus” da atualidade, operadores dos supermercados da fé, são enormes, pois além da grande quantidade de “ovelhas” mantidas no cativeiro da astúcia e do sofisma, que ficam encalhadas no Ministério de Moisés, (o Ministério da morte, segundo o Apóstolo Paulo), eles afugentam para longe do verdadeiro Cristianismo, (o Ministério da Graça de Jesus Cristo), as “ovelhas” mais desenvolvidas intelectualmente, as quais percebem o engodo e desacreditam até do verdadeiro fundamento Cristão, sentindo-se muito mais fortalecidas nas suas convicções materialistas, que as convertem em idólatras da racionalidade, incapazes de perceber o caos que a Razão implantou sistematicamente no Planeta, através dos tempos. Esses falsos “profetas” são aqueles que não entram e não deixam entrar os que desejam entrar.
Os “mergulhadores” e “alpinistas” que não ficam no conforto das planícies, e desenvolvem a sua espiritualidade, devem estudar, para melhor avaliar e compreender a questão, os seguintes textos bíblicos: Mateus 23;1 a 39 / Ezequiel 1 a 31 e as cartas do Apóstolo Paulo.
P. S. – O “poder de fogo” (econômico-financeiro-político) da maior denominação teológica do Planeta, pode ser observado no nosso texto “O Poder da Denominação Teológica”.