Viva a "igualdade"
Hoje, dia 13 de Maio de 2018, parcela da população do Brasil, cerca de 8,2 milhões, segundo pesquisa do IBGE, do ano de 2017, “comemora” os 130 de anos da abolição da escravatura no país. Para quem não sabe, em 13 de maio de 1888, a então princesa Isabel, assinou a lei Áurea, que abolia a escravidão dos negros no Brasil. Sabe-se que mesmo com essa assinatura, a abolição foi gradual e não só se culminou nessa lei, pois antes muitas outras foram sancionadas, como a lei do ventre livre e a lei do sexagenário.
Infelizmente o processo de integração negra na sociedade não foi e não está sendo fácil, para um povo que tratava como normal vender uma pessoa nos jornais apenas por sua cor preta, por mais de três séculos. Para tanto, até hoje estereótipos são ligados as pessoas de cor negra, como: “todo preto é ladrão”, “todo preto é favelado” e “todo preto é mal educado”.
De acordo com o Infopen, que é o Sistema Integrado de Informações Penitenciárias, em pesquisa divulgada em 2017, 64% dos presos que estão no sistema penitenciário do país são negros. Ressalta-se que a metodologia utilizada para esses dados são a autodeclaração, ou seja, no momento da entrevista se é perguntado como o entrevistado se percebe em relação a sua cor.
Diante disso, uma pesquisa intitulada "A aplicação de penas e medidas alternativas no Brasil", do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostrou que o rigor da Justiça Criminal com os negros é maior que com os brancos. Na mesma proporção que o primeiro grupo vai mais para a prisão, e o segundo tem mais obtenção a penas alternativas.
O mesmo instituto (Ipea), em 2008, revelou que pelo menos 8 milhões de pessoas, ou seja, mais ou menos 2 milhões de domicílios, são resididos por negros nas chamadas favelas. Em percentagens isso significa que 3,6% da população brasileira vive em domicílios subnormais, favelas ou semelhantes.
9,9% da população negra no país são analfabetos, expôs o Pnad Contínua, em pesquisa encomendada ao IBGE no ano de 2017. A maioria dos analfabetos se concentram na população negra mais velha, que pode ter resultado na precária educação do século passado. E em relação a percepção comparativa entre pretos e brancos, a resposta pode estar na desigualdade encontrada pelos negros que estão localizados nas áreas mais carentes do país.
As políticas públicas continuam sendo a resposta para a desigualdade social existente em nosso país. É preciso reiterar que a responsabilidade de integração, respeito e direitos dos negros, é de responsabilidade também de todos nós, principalmente daqueles que guiam o nosso país. A uma “força” que tem ainda perpetuado e ajudado que a cada ano com as divulgações dessas pesquisas, essas percentagens só aumentem. Percebe-se então que o mais temíamos tem sido praticado todos os dias, o “racismo velado”. É dito pelo não dito, fiz e não ao mesmo tempo.
E se o silêncio permanecer como reposta para o preconceito, para a falta de políticas públicas e para o “racismo velado”, o panorama encontrado vai demorar tanto quanto a lei áurea demorou para ser sancionada e para valer nesse país. Mas do que válido no momento é a reflexão e o tempo que temos para pensar até as eleições de novembro, pois temos o direito de decidir o rumo que o país irá levar nos próximos 4 anos, com práticas que contribuam para um setor menos racista como o nosso.