Sobre a saudade, o que há?
Saudade é palavra que dói. Nunca será dor comparada, nem dor esquecida. É dor silenciosa que corrói a alma que se esvai, de pingo em pingo, aguando a esperança e a lembrança.
Saudades é dor que grita, que nunca será escrita por nunca repousar à pena de qualquer escrivã.
Saudade é singular por ser plural: plural de anos, de meses, de semanas, de dias, de horas, de segundos que, em um suspiro, são resumidos em um olhar.
Saudade é tão singular que nunca terá seu par pois que nela se bastam o barulho silencioso das lembranças de um só.
Saudade é solidão acompanhada, é uma valsa solitária, é um sorriso estampado em uma tela de um risco só.
Saudade é roupa que não se veste, mas é roupa que se despe já que, nela, se revela a fragilidade à luz do sol.
Saudade é dor que faz sorrir, que faz implodir, que deixa ir quem nunca se foi.
Saudade afasta, junta, tranca, solta, pega e solta quem sempre residiu.
Saudade é choro calado, sorriso encantado, de olhos fechados, de quem, o abraço, vai sempre enxergar.
Saudade é luz partida que, sem despedida, escreve em quatro sílabas, que nunca se vá.