Sobre a saudade, o que há?

Saudade é palavra que dói. Nunca será dor comparada, nem dor esquecida. É dor silenciosa que corrói a alma que se esvai, de pingo em pingo, aguando a esperança e a lembrança.

Saudades é dor que grita, que nunca será escrita por nunca repousar à pena de qualquer escrivã.

Saudade é singular por ser plural: plural de anos, de meses, de semanas, de dias, de horas, de segundos que, em um suspiro, são resumidos em um olhar.

Saudade é tão singular que nunca terá seu par pois que nela se bastam o barulho silencioso das lembranças de um só.

Saudade é solidão acompanhada, é uma valsa solitária, é um sorriso estampado em uma tela de um risco só.

Saudade é roupa que não se veste, mas é roupa que se despe já que, nela, se revela a fragilidade à luz do sol.

Saudade é dor que faz sorrir, que faz implodir, que deixa ir quem nunca se foi.

Saudade afasta, junta, tranca, solta, pega e solta quem sempre residiu.

Saudade é choro calado, sorriso encantado, de olhos fechados, de quem, o abraço, vai sempre enxergar.

Saudade é luz partida que, sem despedida, escreve em quatro sílabas, que nunca se vá.

Carlos Maciel CJMaciel
Enviado por Carlos Maciel CJMaciel em 13/05/2018
Reeditado em 13/05/2018
Código do texto: T6334993
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