relicário
velho relicário
eis o cântaro de encanto,
no recanto de meu cântico.
relicário de mais fino alabastro
mais precioso que carrara.
encaro verdadeiro astro
em trabalho de fino traço.
onde todo me embaralho.
é onde agasalho suas cartas
de antanho com olhar tristonho.
às vezes repasso passo a passo,
seu perfume, seu ciúme, seu abraço,
lembrando o tempo desvairado no espaço.
recorda-me seu sorriso malicioso, seu vestido
vermelho, tingido pela lenha lanhada lá no fogoso
fogo fumegante, defumado, muito amado e relutante.
seu cabelo repartido, esvoaçado pelo vento no evento
por mim neste momento imaginado ao olhar o firmamento
de um lado alado muito além deste tormento, lamento ver
este lado magoado de nosso convívio passado, porém,
muito além do que seja o vil vislumbrar dum casamento
eternizado neste exato momento. não ligue minha
flor, são meus velhos pensamentos a recordar
dulcíssimo amor, porém, ao que faço digo
amém ao me abraçar a este alabastro,
cântaro como canto de belo pássaro
a conter minha ilusão qual o tempo
não apaga de seu templário a relíquia
de velho e amenizante cenário qual amante
ama na ilusão de um dia refletir o flamejante
encontro em algum canto deste atormentado
coração amante, afeito pela velhaca sensação.
“sonhar é viver”.