Sobre o que eu quero

Cansei de resolver tudo sozinha. Cansei de ser sozinha. Cansei, principalmente, de sozinha ter que resolver os problemas dos outros. Cansei de me manter forte enquanto os outros desabam no meu colo sem me dar a chance de me sentir mal. Não pode ser pedir demais ter alguém que me cuide também. Não é possível que em todo esse mundo eu não consiga encontrar alguém por mim. Não se trata dos amigos ou da família. Eles estão ali sempre, mas de uma forma ou outra eles não se interessam completamente pelos seus problemas porque não vivem uma vida ao seu lado. Eu quero alguém que pergunte como foi meu dia e esteja preparado para uma resposta negativa algumas vezes. Eu quero substancialmente alguém que nem ao menos precise perguntar como eu estou parar saber que por maior que seja o sorriso que eu trago comigo a minha alma chora. Quero alguém que me leve para comer como se isso fosse resolver todos os meus problemas. Quero alguém que me olhe nos olhos e me abrace no momento de angústia, um abraço onde eu me sinta tão acolhida e segura que chorar não será sinônimo de fraqueza, mas sim de alívio. Eu não quero alguém que tome as rédeas da minha vida, tome decisões por mim, me diga o que fazer, com quem sair, como proceder. Quero alguém que eu também possa ser o porto seguro, que confie em mim, que consiga contar aqueles problemas bestas que afetam tanto o nosso dia a dia e não temos coragem de contar a ninguém, porque sabemos que as pessoas dirão que isso não é nada demais. Calma aí rapaz, se te incomoda tem algo de mais. Quero alguém que eu possa abrir a porta da minha casa de camiseta, calcinha e sem maquiagem, segurando uma taça de vinho e essa pessoa entender que isso é sorte. Quero poder me desmontar na frente de alguém, poder fechar os olhos e andar de mãos dadas. Quero fazer planos sem ter medo dela ter sumido antes que a data do embarque chegue. Quero alguém que, como eu, a vida tenha ensinado a dizer “sim” e “vamos” com mais frequência do que qualquer outra palavra. Quero encontrar alguém que me conheça o suficiente para saber que flores e romantismo não me agradam, mas isso não faz de mim menos mulher. Ou que algumas respostas saem túrbidas da minha boca, mas eu não sou uma pessoa ruim ou impassível, apenas vesti a roupa de guerra e às vezes esqueço que já posso me desarmar.

Eu quero companhia, quero um companheiro.

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Enviado por About em 03/05/2018
Código do texto: T6326383
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