CAPÍTULO 1 - O ABSURDO
“E no princípio, o Eterno criou os céus e a Terra.”
A famigerada questão “de onde viemos?” nunca me aturdiu muito a mente, nunca me tomou demasiada atenção, mas a interrogativa “para o quê viemos?”, essa sim, essa inflamou meu coração durante todos esses anos de jornada, durante todas essas batalhas de dia-após-dia. Encontrar não apenas um sentido de viver, mas, principalmente, um sentido para viver.
A insondável tessitura macrocósmica do meu tempo nessa jornada, se funde com a mirabolante e consonante estrutura do universo, não se restringe a uma óbvia limitada interação, minha alma despertou da atecnia existencial, promoveu-se em mim novos acordes, distorcidos por vezes, maravilhosos em prevalência. A arritmia do meu coração em comparação com as palpitações supra-dimensionais me deslocava de pequenos sentidos, de leves interpretações em doces diálogos entre tudo em mim e a força matriz do “tudo”.
A sensação causada pela sapiência de tamanha energia, vida e inteligência figurando na retaguarda de tudo o que me é possível compreender, ainda se faz presente, e eu sinto esse terrível e profundo “toque no espírito”, como uma sustentação, um testemunho da absurdez de tudo isso.