Manifesto Colher de Pau

Nas últimas décadas, vários técnicos especializados e agentes governamentais envolvidos na regulamentação sanitária brasileira, passaram a considerar vários utensílios e produtos alimentares tradicionais como algo que oferecem riscos a saúde humana.

No cenário atual, essas normas “sanitárias” obtusas favorecem as grandes corporações, demonizam utensílios populares e tentam estigmatizar culturas alimentares em todo país.

Em defesa da comida como patrimônio material e imaterial e pela luta por um sistema sistema alimentar mais justo, equitativo, saudável, sustentável e solidário, passo a apoiar o Manifesto Colher de Pau.

Por ser um objeto emblemático e milenar, que mexe com diversas questões alimentares, a colher de pau foi escolhida como elemento simbólico para campanha.

O Manifesto Colher de Pau é um sinal de cuidado, atenção e entendimento da diversidade, respeitando-se a longa experiência de sanidade e do consumo de alimentos”, destaca o antropólogo e idealizador da campanha Raul Lody.

Segue abaixo o Manifesto Colher de Pau:

Pela salvaguarda das cozinhas regionais e tradicionais do Brasil, e com respeito aos acervos culinários que são também identificados nos conjuntos de objetos de madeira, metal, fibra natural trançada, cerâmica entre outros; conjuntos de objetos variados e fundamentais ao ofício de se fazer a comida e possibilitar a preservação das receitas, e ainda preservam a estética de cada prato e o seu serviço em diferentes espaços e ambientes sociais.

A comida servida à mesa, em banca, sobre esteira, sobre folha de bananeira, traz vivências das muitas experiências culturais de comensalidade nos cenários das casas, dos mercados, das feiras, dos restaurantes, dos templos, entre tantos outros.

Pela segurança alimentar e principalmente pela soberania alimentar o “Manifesto Colher de Pau” quer valorizar cada objeto, implemento de cozinha, e rituais sociais de oferecimento de comida e bebida como forma de preservação do exercício dos saberes tradicionais e indentitários de famílias, regiões, segmentos étnicos, religiões; e, em destaque, a compreensão plena da importância técnica e simbólica de cada objeto.

Assim, morfologia, material, função, trazem memórias ancestrais que são definidoras das peculiaridades das culturas e dos povos que são identificados em cada objeto. Objeto vinculado ao que se entende por “patrimônio integrado” no entendimento contemporâneo de patrimônio cultural imaterial.

Respeitar e manter estes acervos materiais nas cozinhas, e nos serviços, garantem os espaços de singularidade e de peculiaridade dos nossos sistemas alimentares de brasileiros, e os acervos significativos dos sabores, da construção dos paladares, ações que se dão no exercício das culturas.

Para participar da campanha, acesse www.facebook.com.br/fbssan

#comidaepatrimonio #pensamentopimenta

Inã Cândido
Enviado por Inã Cândido em 23/04/2018
Reeditado em 23/04/2018
Código do texto: T6317013
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