A troca
Eu ainda era um garoto, 13 ou 14 anos, no máximo. Adorava ler estórias em quadrinhos. Aliás, lia tudo que me passava pelas mãos, de Alencar a Dostoiévski. Em uma daquelas revistas li algo que nunca esqueci totalmente. Lembro que alguém chegara a uma cidadezinha e convencera toda a população a colocar seus problemas dentro de uma caixa e depositá-la no meio de uma praça. Dentro em pouco havia um montão delas.
Em seguida disse que cada pessoa deveria ir até o monte de caixas e retirar uma delas. O problema que ela contivesse seria o seu problema dali por diante. Foi uma enorme correria, cada um tentando recuperar a sua caixa, temeroso de pegar outra cujo conteúdo fosse um problema maior. Foi lembrando disso que escrevi o soneto que acabo de postar com o título de UM ATO TEMERÁRIO.