Tattoo

Somos uma coleção de marcas. Umas mais evidentes. Outras cujo grito é tão estridente que soa silêncio. Na face risos, lágrimas e rancores só mudam a forma, mas não o que marcam: a vida. O traço que nem mil procedimentos estéticos alteram: o sonhado. As rugas que enaltecem as expressões do que parece não feito, mas é o realizado.

E assim colecionamos anos, memórias, pessoas e momentos.

Gravuras na alma. As que nos fazem bem, melhores, denominamos não esquecer. As que nos talham na dor, requerem empenho em não lembrar. Todas esforços com fracassos.

A despeito disso, nutrem algo em comum: são o traço torto do bem viver. Não se vive sem criar marcas. Não morre bem quem não as tem. A ausência delas é excesso do não fruir. Já que todos acordamos com o usual mote de cada dia a mais perpassado ser um a menos por vir.

E nesse balanço de erros, escolhas, acertos e aprendizados, raras são as marcas elaboradas, desenhadas, concebidas e autografadas. Principalmente essas, que não estão ali pra lembrar, nem pra indicar rupturas. Mas para eternizar. Essas sim, as raras, especiais, carregadas de significado.