Juventude
Natal F cardoso
A chuva cai em meio à floresta levando o sumo da vida e colocando vida na terra. Cada fenda recebe sua dádiva, um pouco para todos, uma divisão perfeita todos têm sua parte. Nada escapa ao capricho do criador. Depois o sol aparece esplendoroso e soberano fuçando em todos os lugares, ilumina aqui e ali, intrometido e bem vindo, não deixa nada sem seu brilho. A plantinha que coloca a cabeça para fora já o procura e recebe seu calor e sua benção, todos seguem para sua direção. E ele lá no céu desfila garboso de um lado para outro, como um guarda zeloso, iluminando a criação do Pai. À noite ele caminha para outro canto e deixa a Lua como guardiã, a mãe lua sempre suave e carinhosa, embala o sono das criaturas. Fria cai sobre aquele corpo frágil e lépido, os pés correm tentando se esconder do vento e da chuva fria que caem. Os pés descalços correm pela estrada de pedra, os cortes não são sentidos, apenas à vontade de salvar a cria a impele até o objetivo da proteção, aquela grande arvore que ela vislumbra ali em frente quando o céu é iluminado pelos raios, o estrondear do trovão parece que é Deus a gritar com ela dando força para a sua caminhada. A criança se mexe e chora, ela o aperta mais forte de encontro ao peito. A imensa arvore agora esta mais próxima, ela corre de encontro a seu tronco grosso e protetor. Aninha-se entre sua base nodosa e seca. A chuva castiga e ela se aprofunda nas entranhas da arvore. Penetra em seu tronco e fica ali quieta e abraçada ao seu filho. O som da chuva desaparece, e ela explora aquele lugar imenso. Naquele breu olhos á espreitam.Com o passar os olhos se acostumam a escuridão e ela vê que não está só. Alguns cachorros do mato estão ali enrodilhados e mostrando os dentes, ela abraça seu filho receosa. Eles chegam até ela e caminham, em volta sentindo seu cheiro, uns agarra seu vestido. Ela grita e eles se afastam. Logo depois eles voltam ameaçadores seus olhos vermelhos denunciam qual a sua intenção, estavam famintos e aqueles dois eram o que eles precisavam. Ela ali rodeada pelos cães fecha os olhos e reza. Estava perdida. Deus vendo a aflição de sua filha manda lá do céu um raio e os cachorros saem ganindo para longe. Ela encontra um lugar afastado e faz uma cama com as folhas, se aninha ali com seu pequenino. O sono chega e ela viaja para um campo amarelo de girassóis, seu pequenino agora corre com ela e já não precisa mais de sua proteção. O menino agora é um homem alto e forte, ele a levanta nos seus braços fortes, seu olhos verdes a seduz seu corpo arfa de prazer, as pernas suadas e sedentas daquele sexo novo e imberbe. Os lábios se roçam e ela sente seus beijos doces como mel. O campo agora é um vermelhão só. Os dois ali nus se amam.O sol olha para eles e lhes manda mais luz. Seus corpos nus não se cansam de sexo. Navegam naquele vermelhão sem fim. Folhas de girassóis caem sobre seus cabelos e colam em seus corpos suados. Ele se levanta e nu ergue os braços para o céu e brande um grito, o grito ecoa pelo espaço e uma tempestade se forma, o vento forte e constante a assusta. Ela se levante e se abraça a ele. Ele a afasta com violência e corre em meio ao campo sumindo entre os girassóis. Ela se ajoelha e grita, sente um formigamento no corpo um fogo lhe carcome as entranhas, seus olhos não enxergam mais as cores, seus cabelos tornaram-se muito comprido, tão comprido que cobre o campo todo, a pele esta seca e dura como um couro no sol, os seios empinados de outrora pendem rente ao corpo, a barriga saliente e os dentes sumiram. Com muito esforço se levanta e olha em volta, tudo está murcha e triste. Os girassóis estão secos e caídos. Ela caminha triste e tremula pelo cemitério. Deita cansada e triste.
O vento sopra e leva suas cinzas por entre os girassóis secos e caídos,
Mais tarde uma chuva forte caí fazendo brotar uma imensidão de plantas, ela alí no meio chora de alegria, agora em nova forma e fazendo parte da natureza.
Fim