Pronome Oblíquo
Pronome Oblíquo
Não inicia-se frases com pronome oblíquo,dizia-nos a mestra.Mas era tão gostoso formular frases com "se". Se eu tivesse,se eu quisesse,se viesse.Uma variedade de "ses" diariamente rodopiando em minha mente.O fantástico mundo de Bob;uma lâmpada empírica apagando-se diariamente.
Se eu acreditasse em espiritismo,certamente questionaria minha alma pra que diabos desejaria voltar aqui.Sinto-me velho,umas cem vidas já vividas.Califa,escravo,princesa e índia. Não,eu não pedira para vim.Estava farto de dias,a fim de vôos rasos entre as nuvens,e de permanecer na biblioteca do céu,vendo fotografias de minhas passadas vidas. Jogaram-me. Vá. Há mais um pouco pra aprender. Aprender o que afinal?Um mergulho,um bebê,a infância;os sentidos aguçados,purpurina na sola dos pés. Tempo sem preocupações, adolescência,sol ininterrupto,energia,vigor,amor.Vida adulta,32.Eu Sísifo,outra vez.
O Mestre ensinara-me sua Alegria,seus mandamentos,e a lutar pela eternidade.Mas as pedras realidades rolam.Os ombros calejados,face macerada,alma estigmatizada .A dualidade de tudo levara-me a montanha conscientemente.Empurro a pedra e acredito na vida,por ti,oh meu Filho,Amor verdadeiro, taças de mel e perfume solar diário em minhas manhãs.Empurro a pedra,sou um pouco pedra para sobreviver.Se tiveres o pão,meu Pequenino,empurro a pedra com prazer.Sorrio pra ti, há vida, há alegria, enquanto permanecer a inocência.Jesus esquecia o futuro doloroso que o aguardava quando chegava perto dascrianças."Que venham a mim,a elas pertence o reino dos céus".
Quisera eu hoje ser como elas,paizinho.Ajuda-me com a pedra,porque aqui não voltarei.Quero o teu abraço,perdoa-me.Entendes-me. Dai-me um pouco da tua serenidade, brincas,te peço,um pouco comigo naquele pasto,o mar de mato dos meus sete anos.Coma castanhas comigo,Aba.Que eu possa pisar na infância,a fim de suportar a pedra vida da imutabilidade do mundo.