Não é competiçao... - EC

Ouvia Catarina, colega de trabalho, esbravejando sobre a paquerinha de seu filho, que provavelmente sequer desconfiava que antes mesmo de beijar o pretendente já possuía uma sogra. Para a mãe do donzelo alvejado pelo astucioso olhar, a menina provavelmente não saberia cozinhar, limpar uma casa e muito menos passar roupas. A partir de exaustivas explanações maternas sobre os parcos atributos de Josué, confesso que julguei muito severo o currículo exigido.

Não obstante às ironias latentes, repensei as mensagens e campanhas vinculadas no decorrer do mês de março, associados à figura feminina e notei por diversas vezes um posicionamento virtuoso sobre a mulher, algo próximo a hiper humanas, um ser invejável e quase que incomparável. Sexo frágil atualmente é o masculino? Fato é que as barreiras impostas à nós mulheres em diversos âmbitos justificam por si só a exaltação ao feminino, até como forma de encorajamento ou resiliência, porém me questiono se de alguma forma, mesmo que inconsciente, este heroísmo não tenha se tornado mais um dos requisitos exigidos da condição de ser mulher.

Alinhavo este questionamento ao meu foco para o tema que é a frequência com que culturalmente colocamos homens e mulheres em situações de competições ou de enfrentamento, quando penso que o ideal seria a união e o companheirismo para a superação uníssona de dificuldades e adversidades diárias. Pontos fortes e fracos se fortalecendo, se apoiando, afinal por que antagonistas dentro de uma mesma construção?

Talvez a princesa-bruxa na mira de Catarina mereça muito mais do que mero príncipe a ser bem tratado, mas um companheiro igualmente capaz e heroico, que caminhe lado a lado, em igualdade de condições, responsabilidades, atributos e dedicação.

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Este texto faz parte do Exercício Criativo - De Lados Opostos

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Letranda
Enviado por Letranda em 03/04/2018
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