sem assunto

estava assuntando, porém, sem

assunto me assuntei sem

assunto outra vez,

aí me assustei.

que diabos,

cadê a minha

velha lucidez?

ao versar o verso

me vejo ao inverso

desse velho universo.

aparvalhado e reverso.

será que chegou a hora

agá de parar de versejar?

aí se me apresenta a musa,

escusa e me acusa: escrevente

não aprendeu a ser gente ao dizer

um adeus polivalente à maneira crente

aos desentaramelados pensamentos seus?

então para que servem os meus? deixe a lista

de egoístas permitindo-me cumprir explícita missão,

dê-me sua mão; e ao fazê-lo, a musa no seu maior zelo

puxa-me delicadamente a um mundo diferente a mostrar-me

com enorme desvelo um novo desvelar de diferente e belo novelo,

e sorridente a fantasia do paraíso da poesia, fremindo ao meu ouvido

coisas que jamais a mim havia bem-dizido: ouça o som do amor induzido.

a musa se posta meio aflita e aposta que o bem-dizido vai ser criticado,

porém, pensando bem, vai muito além, é mais um verbete para aumentar

o espetáculo, tão somente ir ao dicionário e ver o verdadeiro fato

desse falho sacrifício nato, e para entender há de se aprender

a apreender o som do verdadeiro pão d’alma, bastando ver

ao ler e entender ao bom som do bom e nato vernáculo.

abre-se o paraíso, florindo ou se quiser: em flor

se abrindo com odor do mais profundo amor

o qual não existe nesse velho mundo

imundo eivado de muita dor,

assim a sábia musa foi

dizendo sem recusa

com muito amor!

não se preocupe os seus versos eu digo,

pois, sou a musa a qual lhe conhece

em suas mais profundas preces,

muito além do seu umbigo.

assim lhe agradeço

querido amigo.

vê-se se merece.

continue a escrever,

mesmo que não saiba.

depois disso parei para pensar.

jbcampos
Enviado por jbcampos em 01/04/2018
Código do texto: T6297030
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