Colóquios acerca das Astrologias
Estou imerso a algum tempo num destes enigmas que só a horoscópica poderia exercer sobre mim, isto é, um intento básico de resolver a discrepância entre Ayanamsas. Devo ter disposto quase ano nesta proposição, contudo agora tenho um vislumbre do que pode ser a aplicação no real ou pelo menos da ontopsicologia empregada:
"Inicialmente, é de se entender o estranhamento causado pela astrologia sideral. Dado que, esta se presta em torno do axioma arqueométrico, ou seja, a relação objetiva entre as constelações e sua correspondência zodiacal. Deste modo, devemos subtrair no processo os 23 graus que implicam situar o zodiaco em correspondencia ao asterismo Citra à zero de Virgo (Kanya Rasi). O que convulciona a repulsa sensorial de alguns já familiarizados com a tópica tropical e seu ethos nos comportamentos individuais e mundanos.
Não obstante, depois de satisfeito com meus estudos em astrologia moderna, também tive privilégio de compreender a eficiência da Jyotish no discorrer do destino possível. O que causou-me estranhamento, e justo, quanto a possibilidade de ambos os zodiacos exemplicarem simultaneamente o desígnio humano.
Bom, hoje apresento-vos minha custosa e incompleta opinião. Compreendo que estes zodíacos operam de acordo com o eixo de introversão-extroversão, ainda de acordo com o espelhamento simbólico dentre os entes do Sol e da Lua. Objetos da cosmogonia psicológica que compõem na distinção máxima o jogo de polaridades positivo-negativo geral para todos os efeitos binários.
As pessoas de índole predominantemente introvertida irão se identificar mais facilmente com os assuntos védicos no que concerne a reflexão astrológica, pois a personalidade lunar nestes sujeitos é mais evidente à consciência e à disposição subjetiva, e por vezes, solitária destes. O que, naturalmente, pressupõe-se invertido para o sujeito solar, que vê sua personalidade heróica aplicada no objeto-outro. Portanto, ambos os mecanismos operam subliminarmente ou supercialmente conforme a percepção objetiva de cada.
Contudo, a volição é predominantemente solar, e a literatura nos lembra que a Lua é essencialmente instintiva e menos propensa à dissolução de atavismos. Deste modo, posso acreditar que os assuntos solares estão muito mais ao nosso alcance arbitrário que a o arcabouço de comportamentos sustentado pelo mapa védico e portanto, feminino-lunar."
Conclusão: É possível interpretar a vida de uma pessoa conforme sua tendência a exercer os assuntos solares ou lunares em predominância, mas ainda assim, numa tentativa limitada e frustrante de advinhar o destino de alguém, a interpretação védica será mais consistente, pois situa-se numa região da alma humana menos mutável e, talvez, fundamental para toda a outra forma de comportamento e vontade. O que não exclui a possibilidade do tropicalismo estar contido na epistheme sideralista e coexistir através do substrato desta numa conversão de intencionalidade.
Hernâni Arriscado - Colóquios acerca das Astrologias.