EGO

O Ego é o produto real da ilusão verdadeira. Não reside aqui um juízo de valor que determine se isso é bom ou ruim, simplesmente é. Aceitar essa condição primordial é aceitar que na verdade o Ego não existe, somente o Espírito há.

O Espírito não é uma personalidade, Ele manisfesta-se em nós, enquanto experimentamos os infinitos percalços da realidade ilusória, construção fundamentada nas experiências do Ego. O Espírito possui vários nomes, mas nenhum deles pode descreve-lo. Essa intenção é do Ego, pois não há razão alguma por trás da necessidade de mensurar o imensurável. Necessidade é desejo. Desejo é ego. Ego é ilusão. Quando aceitarmos tal condição ilusória e, portanto, passageira, abrimos uma porta para o Espírito realizar a primeira sobreposição do Ego. Ainda nesse estágio, o Ego permanece no controle e está sujeito às suas necessidades e expectativas, que são suas impulsões inerentes. A vigilância permanente nesse estágio em nível mais elevado, evita que a mente não se perca e se confunda, podendo criar uma nova personalidade (Ego) artificial, dotada de visão amplificada e, portanto, mais ilusória.

Ter compaixão por tudo que é vivo é um exercício de desprendimento real, quando não há desejo envolvido. A ilusão sempre estará presente. Reconhecido isto, mais uma permissão é dada para que o Espírito tenha novamente acesso e o nosso Ego vai se desprendendo do controle para entregá-lo ao verdadeiro Eu. Essa jornada de entrega não tem fim e quando tudo for entregue, a harmonia é restabelecida. Harmonia é Espírito, desarmonia é Ego.

Sofremos porque resistimos a essa entrega. Tememos a perda do controle. O sofrimento é consequência inevitável do nosso apego à ilusão. Há tantos medos quanto estrelas no céu. Tomar consciência disso é o primeiro passo para a jornada de entrega. Morreremos muitas vezes nessa jornada. Aprender a sorrir com a morte é o passaporte para o segundo passo. Os passos a serem dados são insondáveis. Quando não houver mais caminho a percorrer, a entrega deixa de existir, todos os resquícios da personalidade artificial se dissolvem no Espírito, que é a única realidade existente em tudo o que há.

O desejo (apego) de libertar-se é uma ilusão, uma criação da mente. Morrer muitas vezes é o único meio imaginário de alcançarmos maturidade para essa entrega/liberação. Todo momento que vivemos, todos os segundos que respiramos é na verdade o processo de liberação. Só há liberação. Não há com o que se preocupar, vivendo a vida como pode, buscando a melhoria na medida do possível, libertando-se de si mesmo...