Qualquer Tombo eu Quebro, seu Motô

Meu coração estava preso na garganta e eu tossia o vapor do cigarro de meio dia pela janela do ônibus. "Aguente mais um pouco, vai ficar tudo bem" e logo as lágrimas quentes desciam pela cascata do meu rosto. Lágrimas pintadas a vermelhão. Uma dor amarrada na garganta. Retirei o celular do bolso, estava à beira de apagar, sem nenhuma energia, assim como eu. Disquei ligeiramente o número do chefe. "Estou chegando, tem um engarrafamento na boca do meu estômago". Suspirei longamente. Logo em frente uma senhorinha tombava contra a cadeira, reclamando com o motorista: "Qualquer tombo eu quebro, seu motô" — eu também — respondi internamente.