Máquina de carne
Como a vida não lhe ficava nada bem, entregou-se à hipnose dos seus pensamentos entorpecentes, a fim de dormir, para nunca mais voltar a acordar.
Mas nem ao menos conseguia fechar os olhos, pois eram os mesmos pensamentos que, apesar de todo o sono que lhe causavam, não o deixavam sossegado, de maneira alguma.
Sentia mais do que o necessário, e isso, talvez fosse isso o grande erro que cometia. Era necessário mesmo uma paragem cardíaca para que repousasse.
A sua esperança era uma borboleta sem asas. Preso no absoluto amor entre a fome e a falta de comida, o que lhe proporcionava sonhos em plena insónia, era uma máquina carnal.