DA COMPETIÇÃO INTERPESSOAL

Faz longo tempo que observo as crianças e os adultos e me observo também, afinal, antes de observar alguém precisamos nos observar primeiro. Ao ministrar as aulas de violão para as crianças por alguns anos e observando elas, fui deparando que a competição está além de culpar um sistema, mas está dentro de cada um em alguns mais e outros menos e o sistema que nos obriga a competir faz a competição se tornar rotina na vida de muitas pessoas. Tudo gera competição, video-games, esportes, beleza, status, amor, êxito, poder dentre outros; fazendo a vida virar uma competição.

Ao observar algumas crianças percebo dois tipos de competições: a primeira eu nomeio de competição saudável, a criança compete com ela mesma tentando se superar, a mesma ao olhar outra criança que executa com mais fluência, proeza e êxito as notas musicais, passará a admira-lá com felicidade sem se incomodar por não conseguir fazer igual. A segunda competição é a mais comum entre as crianças, essa competição eu nomeio de competição do ego. A criança ao observar uma outra executando com mais proeza as notas musicais passará a ter o sentimento de inveja, e ao invés de tentar competir com ela mesma e se superar a cada dia, tentará superar o "oponente". E ao superar o "openente" logo se incomodará com outro colega, e com o outro, outro, outro e assim sucessivamente.

A criança que entra na competição do ego fica frustrada e com a auto-estima baixo. Ela passará a não ser boa pra si, mas quer mostrar que é boa para as outras crianças tentando se autoafirmar. E quando não for possível mostrar que é melhor, buscará outros meios; geralmente buscam aquilo que o colega não sabe fazer. Essas crianças ficam presas em apenas uma coisa não se arriscam em aprender coisas novas (mas não é regra, há variações nessa afirmação) se limitam naquilo que aprenderam.

Passei depois a observar familiares, amigos e colegas e vi o quanto essas competições ficam vivas na fase adulta; há algumas mudanças na forma de agir mas bem parecidas. Em geral acabam invejando, comparando e se incomodando com pessoas próximas e apenas admirando pessoas que não tenham muito contato. E assim a competição não se resumirá nos concursos, entrevistas e competições esportivas, mas a vida se tornará uma competição; uma sociedade que se decepciona com tudo cada vez mais.