Eloquência e impotência.

"Eu não estou interessado em nenhuma tioria", já dizia Belchior.

Acredito que, assim como eu, as pessoas estão sempre se deparando com amigos, familiares... todos comentando, projetando seus sonhos, seus desejos. Falando, falando, falando... um discurso que parece não ter fim.

"Esse ano eu passarei em medicina", "vou abrir minha empresa", "Aquela garota está olhando para mim, vou deixar pra falar com ela amanhã quando eu estiver bem vestido", "vou estudar pra o concurso e dessa vez vou passar" etc. Eu poderia citar milhares de exemplos que se baseiam nesse discurso do falar e não agir.

Se as pessoas tem a vontade como representação de suas vidas, por que não transformar a ideia no real?

O fracasso vem pelo medo de fracassar, talvez seja isso. O ato de pensar se aquilo vai dar errado, se vale ou não a pena já nos coloca numa posição de risco. O eloquente é impotente em suas ações no momento em que tenta persuadir as pessoas externando sobre suas futuras realizações.

Pensemos juntos, quão muitos não deixaram de ter momentos inesquecíveis com alguém porque não confiaram em si mesmo, por medo de fracassarem? Quão muitos não deixaram de ser, simplesmente por não serem?

A possibilidade e a crença de que vai haver outras oportunidades é o que nos deixam inertes, preso ao pensamento do "se não hoje, amanhã". Como diria o recruta zero: "para que fazer amanhã o que se pode fazer depois de amanhã". A problemática está na ideia do amanhã, pois falando de uma forma bem metafórica (e até literal), ele nem existe, quiçá o depois dele.

Arietseb
Enviado por Arietseb em 24/03/2018
Reeditado em 13/06/2018
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