Epígrafe
Acredite se quiser, mas o texto abaixo, de Millôr Fernandes, foi escrito em 1971 e, portanto, há quase meio século. Será mera coincidência que espelhe rigorosamente a realidade atual?
“Há 488 anos nossos Portugais fundaram neste continente uma nova subnação, baseada na opressão do índio e do negro, dedicada à extração de minérios e outras matérias primas, e amparada no princípio de que os homens não são iguais e que, decididamente, há cidadãos de primeira e terceira classe. [...] Quanto a nós, os que conseguimos sobreviver, de um lado e de outro, devemos reconhecer os nossos lugares (há os que nasceram para mandar e os que nasceram para obedecer, os que nasceram para gozar e os que nasceram para sofrer) e dedicamo-nos à obra inacabada que as polícias federais já levaram tão longe. Decidamos aqui que elas não mataram em vão, que esta subnação jamais tornará a cair numa democracia – e que o governo, antepovo, sobrepovo e contrapovo, não desparecerá da face do Planalto”.
Acredite se quiser, mas o texto abaixo, de Millôr Fernandes, foi escrito em 1971 e, portanto, há quase meio século. Será mera coincidência que espelhe rigorosamente a realidade atual?
“Há 488 anos nossos Portugais fundaram neste continente uma nova subnação, baseada na opressão do índio e do negro, dedicada à extração de minérios e outras matérias primas, e amparada no princípio de que os homens não são iguais e que, decididamente, há cidadãos de primeira e terceira classe. [...] Quanto a nós, os que conseguimos sobreviver, de um lado e de outro, devemos reconhecer os nossos lugares (há os que nasceram para mandar e os que nasceram para obedecer, os que nasceram para gozar e os que nasceram para sofrer) e dedicamo-nos à obra inacabada que as polícias federais já levaram tão longe. Decidamos aqui que elas não mataram em vão, que esta subnação jamais tornará a cair numa democracia – e que o governo, antepovo, sobrepovo e contrapovo, não desparecerá da face do Planalto”.