Entre a vitrine...
Apenas uma vitrine!
Por vezes teimosas eu recusei gostar, neguei sentir quaisquer sensações que extrapolassem o senso comum, daquelas gentilezas que aprendemos no decorrer da vida.
Os sentimentos são articulados, e não importa por onde eles tenham que passar, estarão sempre espreitando um coração acessível ao SENTIR.
Aquela linha estressante de ônibus que você enfrenta diariamente... De repente, em um dia que possa parecer comum, você olha para cada passageiro que embarca e um sorriso, um olhar perdido de alguém, pode passar a significar tudo. Se você for aquele que julga ter o controle de tudo nas mãos, certamente ignorará essa sensação olhando para fora do ônibus, ou simplesmente mudando de linha nos próximos dias da semana. Se for diferente, é óbvio que você criará expectativas quanto ao que está a sentir. Saberá o horário exato de apanhar o ônibus, e quantos pontos deverão ser contados até que os teus olhos se atentem mais ainda, para entrada daquela(e) passageira(o), que tanto fascina o teu olhar.
Nas calçadas do progresso, na correria do dia a dia, um perfume no meio da multidão pode furtar tua atenção, um olhar, uma voz, um gesto, os sentimentos estão por aí mundo a fora, à procura de um coração acessível...
No centro, por onde muitos andam e vêem apenas vitrines modernas, sofisticadas, cheias de ofertas tentadoras ou ilusórias, eu vejo o teu sorriso e teu olhar, vezes embaçado pelo cansaço, vezes radiante e tão bem maqueado.
Entre as tantas vitrines por onde eu passo neste meu caminhar diário, não há nada mais aprazível do que os segundos eternos em que passo entre as vitrines do teu olhar.
Teu sorriso exposto, sem dúvidas vestiria maravilhosamente bem a minha companhia.
E cá estou, abraçado por um sentimento que encontrou meu coração acessível. E embora existam a minha volta, centenas de outras vitrines humanas, é entre as vitrines do teu olhar que eu encontro o mais encantador, e aprazível desejo de entrar, e conhecer-te mais do que dizem as vitrines do teu sorriso...
(Hámilson Carf)