ESTAÇÕES DA VIDA
Até aqui a vida foi de estação em estação.
Colher flores em primaveras, girassóis que iluminam os dias, rosas perfumam, alheias a espinhos.
Cravos a enfeitar o inexorável.
Tantas outras teimosas, apesar das intempéries do tempo, trovoadas, tempestades, raios...
Os sóis do verão aqueceram por demais a pele, deixando marcas e marquinhas, presentes como oferendas descuidadas aos verões, ou como entregas prazerosas ao calor dos raios rei.
Os invernos ensinaram o recolhimento, o aconchego, o vinho, a introspecção, o escutar no silêncio recôndito do tremer dos ossos.
O outono parece eterno, um constante cair das folhas, aparo incessável de arestas, sinaleiro da vida em renovação.
Enquanto houver outonos, a vida está presente. Então, resistir à queixa das quedas, dos cacos a recolher.
A vida está a dizer do porvir, do novo, de novas vestes para vivenciar tantas outras primaveras, verões, invernos, outonos.
É um ciclo que não se esgota, como as marés incansáveis de um oceano infinito.
18/03/2018