Presentes
Hoje acordei com uma saudade doída aqui dentro. Um vazio meio sem jeito, um incômodo atrapalhado.
Pensei em como o tempo é uma via de mão dupla. As vezes ele leva pra longe e outras ele traz pra perto demais.
Nesses dias estranhos tudo me faz lembrar...uma florzinha escondida em meio um matagal, o reflexo do sol projetando sombras dançantes no chão, as melodias, as letras, as músicas.
E eu que sempre acreditei que a lembrança significasse a maior distância entre duas pessoas, percebo que na verdade ela não passa de uma caixinha de música onde são guardados os sentimentos mais puros. E então em dias de saudade, eu abro minha caixinha e tiro de dentro dela os sorrisos mais lindos, os olhares mais intensos, as piadas mais sem graça, os abraços mais apertados, as promessas mais sinceras e os sonhos mais desejados.
Olho pra tudo isso sempre bem acompanhada pela saudade, respiro fundo revelando que dentro de mim só restou oxigênio além do vazio e permito um sorriso em agradecimento a todas as belas lembranças. Então eu as guardo de volta na caixinha, balanço minhas mãos no ar para afastar a nuvem que as trouxe até aqui e sigo em frente rumo a mais um dia.
Acho que o amor é isso, saber guardar o que restou de mais lindo no lugar mais especial. É assim que fazemos com os presentes que ganhamos, não é mesmo?