Saciar-me por completo? Jamais!!!
E, se, ele me perguntasse se desejo algo que sacia em mim, qualquer necessidade vindoura, o negaria. Sentir necessidade é o que me movimenta. É o que produz em mim o desejo de mais.
O que me obriga me deslocar para o fim. Procurar o meio de extinguir algo e no processo, me conhecer e conhecer o além. Pense bem. O desejo faz dois movimentos, o interno e o externo. Primeiro, precisa distingui-lo dentro de si. O que desejo? Amor? Justiça? Água? Comida?
Me interiorizar me faz saber a diferença entre essas necessidades. O que preciso é concreto ou abstrato?
Após essa seleta análise partimos para saciar o desejo. Esse impulso nos animais irracionais se manifesta pelos instintos. Em nós também, mas a consciência a aprisiona e a submete a razão. Dominamos nossos impulsos. Ao invés do puro instinto, traçamos uma rota. E, essa rota é respaldada por cada valor moral e recursos disponíveis que temos. Calculamos os riscos por aquilo e impulsionados por uma vontade ainda interior, tomamos uma atitude como de assalto.
Desse ponto em diante, o movimento se externaliza. Saímos da nossa zona de conforto e vamos em direção a saciar-nos. Entretanto, nada garante que conseguiremos atingir o alvo proposto a nós mesmos. Quanto mais alto a necessidade, mais alto o risco. Mesmo assim, continuamos. Prosseguimos. Arriscamos.
Muitas vezes nossa própria vida. E, independente de alcançarmos ou não, crescemos no processo. Saciar-nos definitivamente é parar. É confirmar que alcançamos a plenitude. É findar sem chegar ao fim. É não ter mais sentido. A necessidade nos faz ir além, mesmo sabendo que o além não existe. E na caminhada até lá, mudar sempre, mas continuar tal a ponto de nunca ser saciado por completo.