Da mixofobia à mixofilia

O que aconteceu conosco?

Nós, humanos,

que perdemos o interesse

e a vontade de olhar

o outro com profundidade?

Por que nos isolamos tanto

em nossas redomas,

protegidos até de nós mesmos,

para não ver,

não sentir,

não conhecer?

A mixofobia,

Bauman dizia,

é o medo de misturar-se:

é o não querer estar perto

do estranho,

do desconhecido,

do diferente.

As cidades se constróem

para nutrir a fobia,

para nos deixar em agonia

e não permitir o contato,

não autorizar o estar perto.

Não se trata da proximidade

corriqueira da vida,

em que esbarramos uns nos outros,

o tempo todo

e não nos reconhecemos.

Trata-se da palavra oposta,

a mixofilia:

a vontade de conhecer,

misturar-se,

agregar-se,

sentir prazer em acessar a cultura

e o pensar diferente.

O que aconteceu conosco,

em que o medo do diferente

nos deixou ausentes

da possibilidade de viver o novo,

de estar com gente

de ver o invisível?

Até quando nos isolaremos

e não perceberemos

nossa falta de humanidade,

de amor e de solidariedade?

Até quando estaremos cegos

em busca do conforto

do não olhar,

não conhecer,

não abraçar,

não acolher?

Até quando?

Zygmunt Bauman fala desse tema em sua obra "Amor Líquido - Sobre a Fragilidade dos Laços Humanos".

Aru Lapolli
Enviado por Aru Lapolli em 18/03/2018
Reeditado em 03/11/2018
Código do texto: T6283394
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.