Filosófica Mente
O conhecimento compreendido enquanto algo certo e inquestionável é um complexo encadeamento de coisas que são ínfimas e distantes entre si, cuja sensação de certeza não passa de um desejo de controle sobre o incontrolável. Ínfimo porque quanto mais nos apercebemos do que são feitas as coisas, a sensação de certeza diminui e a percepção de incerteza aumenta. Quanto mais nos aproximamos do conhecimento profundo de qualquer coisa, mais instável, impalpável e inconstante estas coisas tidas como inquestionáveis se tornam. Portanto, a ampliação do conhecimento tem como resultado a expansão do que se tem a conhecer. Como é impossível assegurar qualquer conhecimento de forma absoluta, tudo o que se conhece é relativo à forma e perspectiva pelo qual algo se tornou conhecido. Todo conhecimento é a exata medida daquilo que se conhece em detrimento do que ainda está por conhecer. O conhecimento como fato não existe, somente a possibilidade de conhecer é possível. Quando um conhecimento caminha para o absoluto é porque a razão da sua certeza está fragilizada e, portanto, insustentável por si só. Distante entre si porque a ampliação da incerteza torna evidente e circunscrita a limitação que a razão humana tende ao estabelecer o conhecimento de forma absoluta, operando nessas circunstâncias um atraso no empreendimento do que ainda há para se conhecer. Dessa forma, os campos do conhecimento humano pelos quais nos tornamos limitados são os mesmos que nos permite a expansão. Nessa pretensa busca do conhecimento, nos aprisionamos nos intricados limites temporais daquilo que perseguimos e se um dia almejamos encontrar alguma certeza, esta repousa no fluir incessante daquilo que é impermanente, relativo e incerto. Dentro dessa perspectiva de que a busca por uma interpretação absoluta da realidade enquanto pretensão é um empreendimento descabível, haja vista que o limitado não pode conter o ilimitado, toda e qualquer perspectiva tida como tal, é invariavelmente uma reflexo dessa limitação.