• PEQUENOS SONHOS ¹
É moça, não adie os pequenos sonhos diários ao pensar nos grandes planos e projetos. Não deixe de andar na chuva quando sentir vontade, de ir conhecer um lugar que poderia não ir porque ainda quer ir visitar aquele país distante. Não deixe de sorrir, de cantar alto, de andar descalço quando sentir vontade, não deixe de ligar para aquela pessoa que faz você sorrir, que as vezes parece atarefado demais, talvez esteja apenas não querendo fazer a mesma coisa e ser mal interpretado, de ouvir aquele não porque você prefere fazer as coisas do seu jeito, no seu tempo. É moça, não adie os pequenos sonhos diários, querendo chegar aquele destino maravilhoso, onde mar e infinito são unidos em um abraço, porque as vezes, perdemos os abraços que receberia pelo caminho, caso tivesse tido mais tempo de curtir cada segundo, cada momento, cada elogio, ou cada crítica.
É moça, imagino que esteja adiando pequenos sonhos, querendo alcançar aquela meta ou objetivo, sem imaginar que o objetivo da vida não é ter riquezas que não pode levar para lugar algum, ou que ficará para ainda atormentar aqueles que porventura podem ser beneficiados. Talvez a maior riqueza seja sentar na sala e ouvir aquelas músicas que anda adiando escutar porque faz lembrar alguém, ou aquele filme que não pode ver, porque havia algo menos importante do que sentir a vida com leveza, com delicadeza, com um olhar mais terno e sensível.
É moça, não digo para desistir dos grandes planos e projetos, mas aprendi que irão encaixar direitinho nos pequenos projetos diários, aqueles que adia porque o tempo passa rápido, e que quase não temos mais tempo de curtir a brisa do fim de tarde, aquele cheiro de café sentado à mesa vendo a cidade seguir seu fluxo. É moça, talvez hoje, seja aquele dia para você colocar os grandes planos de lado, por um breve instante, e sorrir diante do espelho, porque não há maior riqueza, não existe nenhum tesouro mais raro e valioso que a vida com a qual foi agraciada. E hoje moça, olhe para as estrelas por um breve momento, aprecie a lua no firmamento, sorria sem motivo, deixe seu coração sentir como nunca fez, e vai descobrir que não temos nada mais do que esse exato momento, esse breve segundo, que as vezes desperdiçamos, querendo ser mais fortes, melhores, mais vitoriosos, receber as glórias por nossos esforços, quando em cada descompassar de seu coração, no sorriso que der diante do espelho, no brilho no olhar ao ouvir um elogio, ou na pele eriçada ao ouvir uma canção ou sentir a brisa beijar seu rosto, é que somos valorizados, porque a vida é um prêmio que não apreciamos com a intensidade e vontade com que deveriamos, para que possamos reclamar e arrepender quando é tarde demais para colocar em prática os pequenos planos e desejos, que faz bem ao coração, que faz o coração sorrir encantado e emocionado com a vida.
• Damien Lockheart