Ah... A contemporaneidade...

Ah... A contemporaneidade... Se Eça estivesse aqui para dizer "eu avisei", diria. Será que somos uma versão "Jacíntica" piorada? As facilidades tecnológicas tiraram o prazer da simplicidade dos abraços presenciais, tão naturais entre nossos antepassados; como na promessa do telégrafo de "aproximar", e que de forma paradoxal, nos distanciou. Hoje quem assumiu o papel do telégrafo de distanciar - quero dizer -, "aproximar", foi a ferramenta que faço usufruto para vos escrever... Como vejo olhares evitados de conhecidos desse mundo virtual, que no mundo físico, nunca me viram - ou fazem de conta que sou um rosto desconhecido. E o que fazer? Já que um diálogo presencial causa desconforto, pois, há a invasão da privacidade do outro.

Que mundo complexo esse, não é? Quando deveríamos buscar contato amigo no mundo externo, ficamos constrangidos em desenvolver embates, mas, ainda assim somos recíprocos: fingimos não nos conhecer.

As complexas redes nos tornaram eternos bocejadores, assim como era Jacinto na sua Paris...

E de tão tediosos desse mundo virtual, sedentos por morbidez, buscamos novas formas de reivindicar - desde que seja possível fazer isso sentado, numa poltrona bem macia -. Escrever? Só se for algo bem breve. Ler? As redes vão se moldando para não haver necessidade de tamanha frivolidade, as imagens já bastam... E os textos são ignorados, porque "cansam a vista".. Ou melhor, o cérebro... Pra que ter profundidade de pensamento? A contemporaneidade passa a toda ligeireza, e como toda mecânica, precisa de agilidade. Tempo é... Não preciso terminar. Se você conseguiu ler esse texto, sem bocejar, parabéns!

Considerações...

Espero não ter ofendido ninguém com esse texto provocativo, só estou cansado dessa contemporaneidade referida... Então, quebremos isso!

E vale ressaltar que a reflexão é sobre as redes sociais. Para quem ficou curioso sobre Jacinto, Eça, etc... Leiam "A Cidade e as Serras" do Eça de Queirós. Apesar de crer que boa parte daqui já leu, recomendo profundamente para quem não leu.