VITAL E MORTAL TRAVESSIA
Morte que nasceu
Ou que deveras apareceu... no místico espaço do tempo
Aos que atravessam a porta da vida... e partem...
E vão...
A segurarem a antiga vela a que há tempos se apagou
Das velhas lágrimas que hoje secaram
Quais infantes e puros sentimentos que murcharam
E não mais existem
Dos gostos das horas os quais não mais lembramos
A beber agora o cálice das amarguras
Na maior parte das vezes... a total contra-gosto
E destarte seguimos... no prazo do longo exílio
E o que é mais interessante:
Com tanto medo de morrer!...
Tempo que transcende a morte
Dos vivos que aprisionados estão no tempo
Quem, de fato, é o mais forte?
Seria a morte?
Seria o tempo?
E quem sobreviverá?
Qual dentre ambos?
Ou será nenhum?
Ah, tempo... a que temos tão pouco nesta vida!
Se pudesse ser comprado qual seria, pois o teu preço?
E quem o poderia comprar a ele que não se venderia por dinheiro?
Como as prostitutas de todos os tempos... as quais somos... nós todos!
E deste modo avança cada um em su’angústia
Embora muitos param... e desesperam... e não continuam
Ao receio da morte a que em cada esquina da vida nos chama
(e que inevitavelmente.... um dia... chegará)
N’amargura se terá tempo para um dia... ser feliz
Ou, então, na pior presunção humana:
A de se achar que o dia seguinte virá
Este amanhã... a que sempre protela nossa tão desejada felicidade
E assim vamos "tocando" a vida
Como a quem dedilha uma desafinada viola... e vamos vivendo!
Vivendo apenas por viver
E perdendo o nosso precioso tempo...