CONSCIÊNCIA MORAL
Apesar de ninguém ter comprovado uma teoria única credível sobre o que é a vida e o que é o universo, ardorosos defensores do conjunto hipotético de universos possíveis, entusiasmados por uma unificação de atitude de confiança absoluta, numa disputa áspera denotando divergências e seções profundas com respeito à natureza da realidade física, à meta final da ciência e a posição de pesquisadores conscientes no grande esquema das coisas, buscam demonstrar problemas irresolvidos de enorme alcance.
No entanto, todo o esforço, investimento e tempo dedicado às complexas questões imensamente distanciadas da realidade dos inúmeros e disversos problemas de existência básica, como as doenças, a fome, a sede, a miséria, a corrupção, o crime, a crueldade e os vários conflitos bélicos ao redor do mundo, remete à insensibilidade monumental de segmentos privilegiados do universo político, econômico e científico em oposição a questões humanas.
Consequente do viés de colocar de lado as noções comumente aceitas pelo conjunto de normas obtidas por meio da cultura, da tradição e da experiência que constituem os conhecimentos comuns da vida moderna, nosso cérebro obstrui a noção da parceria com a verdade moral, quando não o observamos, nos cegando à propriedade de conformação com a realidade, pondo em xeque a atividade do cérebro subjacente à memória, a emoção e a compaixão para assumir uma posição qualitativamente ativa no desdobramento da nossa história coletiva.
Pois, as perspectivas morais concorrentes e frequentemente violentas do mundo atual, distante dos pequenos grupos imemoriais culturalmente homogêneos dos quais evoluímos, vêm de nossa inclinação situada numa obrigação circunstancial em usar nossa tomada de consciência nos desafios do cotidiano, nos levando às decisões insuficientemente inteligentes, criando espaço para uma deterioração moral prestes a acontecer, ao mesmo tempo, em que desperta e adverte os sentimentos moralistas fanáticos de grupos secularistas e as apreensões de liberais sobre decisões morais, além de escolhas que decidirão a prosperidade, a sobrevivência ou, meramente, outro marco passageiro na evolução humana.
A percepção, ao integrar nossa consciência ética num sentido autônomo e independente de nós mesmos, abafando nossa voz interior em sua insolência às normas da maioria e desacato à autoridade, nos intitula com o regalo de sonhar.