Monótona
Há os dias para nós dois e há os dias para o mundo. Os primeiros correm, passam rápido, e quase sem que se perceba vão deixando marcas, é como se uma erosão contínua fosse redesenhando a paisagem dos nossos sentimentos. Os outros dias, apenas entorpecem.
Há as horas que são tuas e quando me encontro nelas, perco-me de mim mesma, pequenos gestos, um fogo no meio do corpo, arrepios inquietantes e nenhuma certeza sobre o que se seguirá.
Quero um amor sem vertigens, sem promessas, que se alimente dos momentos compartilhados e entenda de saudade.
Mas só tenho esse tempo do calendário e relógios de horas vazias e intermináveis.
Este excesso de claridade me cega, este tédio incessante me condena.
Sem você.
Renata Vasconcelos