Godofredo

Hoje levanto mais cedo, porém, no além

ouço o apito do trem, após minha profunda

meditação, cultivo de minha juventude a qual

atribuo minha feliz saúde. Um prazer profundo

a me fazer viajar aos confins do mundo, cujo

relaxamento me induz ao pacífico refúgio,

relicário a produzir equilíbrio estranho,

neste particular santuário arrebanho

meu mais rico relicário, e redundante

passo por mais um otário, que se dane

a pane dessa vida se me acharem estranho.

Enquanto, por mim passa rebolando Godofredo.

Tomo meu café matinal, costumeira obrigação.

No alpendre, de cadeira contemplo a vegetação.

A velha cordilheira quer me acenar com suas mãos.

Coisa corriqueira de todos os dias em dias de clarão.

Há muito tenho permissão e sua companhia por missão.

Acompanha-me dona Solidão, adoro este meu velho amor

sou amorgado viúvo desimpedido. Os filhos saíram, os netos

também, e pra tudo digo amém, porém, o verde Godofredo não.

Esse cara falta pouco pra torcer pro Palmeiras, a cor ele já a tem;

Godo é muito louco, meu irmão, e nessas horas ele se manifesta

pra sua particular festa, graças a uma fresta a qual carpintejei

com pressa para agradar essa verdadeira visão, adiantei

essa feitura sobre uma leve rachadura no rodapé

da porta de minha cozinha; onde tomo meu café.

O silêncio é sepulcral, nem meu companheiro no canil ladra,

silêncio total por ordem presencial de minha amada: Solidão.

Macio o gato no cio, tampouco, dá seu mio cabal de coração.

Meus pensamentos voam ao relento, à brisa no firmamento,

porém, lá do além a mim vem um alento de preciosa espada.

Alguém santificado a me mandar seu recado de amor-irmão:

Dê dois ovos ao Godofredo,

simples assim!

Godofredo, meu teiú de estimação.

jbcampos
Enviado por jbcampos em 04/03/2018
Código do texto: T6270839
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