DESPERDÍCIO DE TALENTOS
Os talentos do Ser Humano são os presentes que ele recebe gratuitamente da generosa Mãe Natureza, impressos desde o ventre materno. Desenvolvê-los, aprofundá-los, promover o seu aperfeiçoamento e utilizá-los adequadamente, são tarefas da nossa competência pessoal e intransferível.
Nessa trajetória evolutiva, o grande inimigo chama-se preguiça, coadjuvada pela negligência e até pela estupidez. Nos países subdesenvolvidos, como o Brasil, a estupidez maior está (sempre esteve) no seu governo, como um todo, estruturado em capitanias hereditárias, que priorizam o enriquecimento ilícito e a farra com os recursos públicos, distribuídos generosamente entre parentes, amigos e sócios quadrilheiros. Essa estupidez congênita não permite que as camadas mais carentes do povo tenham acesso ao seu desenvolvimento intelectual, que faculta a eclosão dos seus talentos, os quais permanecem adormecidos, inexplorados, em prejuízo dessas pessoas e do próprio País, administrado pela imoralidade e incompetência, mantidas pela conveniente ignorância do próprio povo, inconsciente dos seus próprios recursos intelectuais, que estão sepultados de propósito pela infernal máquina do governo.
Nesse contexto, curiosamente, temos uma variante, onde se encontram aqueles que desenvolveram os seus recursos intelectuais, desenterraram os seus talentos, mas não conseguem direcioná-los adequadamente, talvez em função de um desajuste na sua percepção, que acarreta um fatal desvio do foco ou do núcleo das questões. Nesse sentido, vamos nos manter no terreno da metafísica, observando o comportamento em relação aos estudos da Bíblia.
Com efeito, observamos vários estudiosos das Sagradas Escrituras, aprofundando-se nas suas histórias, fábulas e genealogias, com exaustivas considerações sempre restritas aos domínios da hermenêutica, sem alcançar interpretações definitivas. E aí temos o desperdício de talentos, em função do desvio focal.
No mundo racional, sabemos que o conhecimento é poderoso na geração de recursos ao seu detentor, que por essa razão procura ocultar a sua parte principal, mantendo para si o seu domínio completo.
No mundo espiritual, os Profetas primitivos camuflavam os seus conhecimentos, os quais contrariavam os interesses dos comerciantes da fé, e também exacerbavam as perseguições destes sobre aqueles. O próprio Jesus Cristo afirmou que somente se expressava por meio de parábolas, para não esclarecer os seus violentos perseguidores, que procuravam motivos para eliminá-lo. Por outro lado, a Reforma protestante, fundamentada na Graça, readaptou-se à doutrina e aos dogmas da instituição contra a qual protestou e se rebelou, pois logo descobriu que a Doutrina da Graça é absolutamente incompatível com as finalidades comerciais, e estas orientam os fundamentos das denominações teológicas. De fato, a incompatibilidade já se encontra no nome, pois “Theos” jamais se identifica com “Logus”. O Caminho é a Theosophia ("Theos + Sophia).
Para nortear esses estudiosos da Bíblia, vamos destacar a seguir, alguns textos que lhes poderão ser úteis no realinhamento dos seus estudos.
I Timóteo 1;4 – Nem se ocupem com fábulas ou genealogias intermináveis, pois produzem discussões em vez de favorecer o propósito de Deus, que tem como fundamento a fé.
II Timóteo 4;3,4 – Porque virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, devido ao grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo seus próprios desejos, e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão para as fábulas.
Tito 1:13,14 – Esse testemunho é verdadeiro. Portanto, repreende-os severamente, para que tenham uma fé sadia, não dando ouvidos a fábulas judaicas, nem a mandamentos de homens que se desviam da verdade.
Tito 3;9 – Mas evita questões tolas, genealogias, discórdias e debates acerca da lei; pois são coisas vãs e inúteis.
II Pedro 1;16 – Porque não seguimos fábulas engenhosas, quando vos fizemos conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, pois fomos testemunhas oculares da sua majestade.
I Coríntios 2;9,10,14,15 – Mas como está escrito: As coisas que olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o coração humano, são as que Deus preparou para os que o amam. Deus, porém, revelou-as a nós pelo seu Espírito. Pois o Espírito examina todas as coisas, até mesmo as profundezas de Deus. O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são absurdas; e não pode entendê-las, porque se compreendem espiritualmente. Mas aquele que é espiritual compreende todas as coisas, ao passo que ele mesmo não é compreendido por ninguém.
Hebreus 5;11 a 14 – Sobre isso, temos muitas coisas que dizer, embora difíceis de explicar, porque vos tornastes vagarosos para ouvir. De fato, embora vós já devêsseis ser mestres agora, ainda precisais que alguém vos ensine de novo os princípios elementares da palavra de Deus, sendo que vos tornastes necessitados de leite, e não de alimento sólido. Qualquer pessoa que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, pois é criança. Mas o alimento sólido é para os adultos que, pela prática, têm suas faculdades morais exercitadas para discernir tanto o bem como o mal.
Mateus 13;10 a 17 – E, aproximando-se dele, os discípulos lhe perguntaram: Por que falas às multidões por meio de parábolas? Jesus lhes respondeu: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado. Pois ao que tem, lhe será dado, e terá em grande quantidade; mas ao que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado. Por isso falo com eles por meio de parábolas; porque vendo, não veem; e ouvindo, não ouvem nem entendem. E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, e nunca entendereis; e vendo, vereis e jamais percebereis. Porque o coração deste povo se tornou insensível, e com os ouvidos ouviram de má vontade, e fecharam os olhos para que não vejam, nem ouçam com os ouvidos, nem entendam com o coração, nem se convertam, e eu os cure. Mas bem aventurados os vossos olhos, porque veem, e os vossos ouvidos, porque ouvem. Pois, em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não viram; e ouvir o que ouvis, e não ouviram.
Sabedoria 6;12 A 14 – A Sabedoria é resplandecente, não murcha, mostra-se facilmente para aqueles que a amam. Ela se deixa encontrar por aqueles que a buscam. Ela se antecipa, revelando-se espontaneamente aos que a desejam. Quem por ela madruga, não terá grande trabalho, pois a encontrará sentada junto à porta da sua casa.
Sabedoria 8;8 - E se alguém deseja a profundidade da ciência, ela é a que sabe o passado e que julga do futuro; conhece as sutilezas dos discursos e as soluções dos argumentos; sabe os sinais e os prodígios antes que eles apareçam, e o que tem de acontecer no decurso dos tempos e dos séculos.
Eclesiástico 16;25 - “E eu te darei documentos de equidade, e manifestar-te-ei os arcanos da Sabedoria; e está atento às minhas palavras em teu coração, e já daqui te digo com retidão de espírito as virtudes que desde o princípio tem Deus feito reluzir nas suas obras, e te declaro em verdade a sua ciência.
Neste momento, talvez os estudiosos da transcendência racional, especialmente os que estiverem “patinando” nas histórias, fábulas e genealogias bíblicas, (esqueçam-se delas) que se destinam às crianças espirituais, possam conjecturar sobre onde buscar os conhecimentos espirituais que se escondem sob o véu de Moisés. Para começar, é conveniente verificar II Coríntios 3; 13 a 18 e II Coríntios 4; 3 a 7. Além dos quatro evangelhos, temos os Profetas do Velho Testamento, (Isaías, Jeremias, Ezequiel, Zacarias) todos os livros de sabedoria (especialmente Sabedoria e Eclesiástico), Atos dos Apóstolos, cartas de Pedro e João, e muito especialmente as cartas do Apóstolo Paulo. É verdade que existem fragmentos elucidativos dispersos pela Bíblia, porém, a sua localização e interpretação dependem de insights espirituais (Efésios 1;17), os quais poderão ocorrer sem nenhuma dependência da vontade ou da capacidade racionais. Como uma sugestão, a formação de um pequeno grupo (quatro pessoas) para estudo conjunto é muito proveitoso para uma evolução mais acelerada.
Afinal, não percamos tempo, vamos ignorar as histórias para crianças e procurar compreender o espírito das letras. Feliz jornada para os estudiosos independentes e persistentes.
As Perguntas e as Respostas
Na infância e na adolescência os folguedos e toda felicidade,
Na fase adulta a grande maratona em busca do que era nada.
Mas eis que o implacável tempo avança com toda velocidade,
Na velhice vem a realidade percebida na idade mais avançada.
Ideias transcendentes que remetem a meditação ao infinito,
Não são sonhos, mas o espírito perscrutando as profundezas.
Então a ágil imaginação supõe tudo o que não pode ser dito,
E na mente em plena turbulência permanecem as incertezas.
Não se acolhe a sugestão da imensa complexidade aleatória,
Há que se encontrar algo ou mesmo alguém que possa dizer,
Esclarecendo toda a nossa inquietação de forma satisfatória,
E que faça de uma forma que todos possamos compreender.
Mas como equacionar tais questões, pois no livro está escrito,
Eis que todos aqueles, aos quais toda sabedoria lhes confiarei,
Somente poderão ser compreendidos por saber muito restrito,
Muito cuidadosamente de espírito para espírito as transferirei.
Em não havendo tão harmoniosa e mais perfeita sincronização,
Que independe por todas as formas da mais pura racionalidade,
Nada pode fazer aquele pobre e rico premiado com o galardão,
Resta-lhe a grande alegria de receber e semear toda a verdade.
Aquele que sempre procura, cumpre nunca, jamais se aquietar,
Continuar procurando a sabedoria com empenho e dedicação,
Não abandonar a sua fé, ao contrário, há que sempre acreditar
Envidando todos seus esforços assim como fez o Rei Salomão.
Com toda persistência e com toda a sua fé sempre inabalável,
Insistir nas orações, reivindicando que se lhe estenda o manto,
E no seu espírito se instale o maravilhoso som puro e inefável,
Mediante a sublime conexão Divina, através do Espírito Santo!